01/05/2017 - 8:00
Os primeiros planetas descobertos foram do Sistema Solar, no fim dos anos 1980, eram gigantes com tamanho igual ou maior do que Júpiter, e um motivo simples explica isso: nossa tecnologia de então só conseguia flagrar os corpos maiores. Planetas pequenos e rochosos, como a Terra, tinham uma chance ínfima de ser percebidos. Mas era uma questão de tempo e progresso até os astrônomos descobri-los, e nesse sentido um marco foi superado em fevereiro: em um artigo publicado na revista Nature, cientistas anunciaram a descoberta de um sistema com sete planetas com massa semelhante à da Terra girando em torno da anã vermelha Trappist-1, a 39 anos-luz do Sol.
Todos eles podem ter condições favoráveis à vida, com destaque especial para o quarto, o quinto e o sexto (na nomenclatura astronômica, e, f e g), localizados na chamada zona habitável – ou seja, a região do sistema em que o nível de radiação emitida pela estrela permitiria a existência de água líquida na superfície de um planeta ou satélite natural.
A equipe internacional comandada pelo astrofísico Michael Gillon, da Universidade de Liége (Bélgica) – que havia descoberto a Trappist-1 em 2010 e já detectara a existência de três planetas a orbitá-la – conseguiu encontrar os planetas a partir de observações com os telescópios Spitzer, da Nasa, e Trappist (este último situado no Chile). Os dados obtidos já permitiram o cálculo das massas dos seis planetas mais próximos da estrela e das distâncias que os separam dela.
“É a primeira vez que tantos planetas desse tipo são encontrados em um só sistema planetário”, afirma Gillon. “Eles estão em órbitas muito estreitas entre si e muito próximas da sua estrela, mas ela é tão pequena e fria que os planetas são temperados. Por isso, poderiam ter água líquida e, por extensão, teriam condições de abrigar vida.” O sistema da Trappist-1 já é uma prioridade para os cientistas que buscam sinais de vida fora da Terra. Mas, por enquanto, as observações sobre ele serão feitas somente a distância: pelas tecnologias atuais, uma viagem até lá levaria pelo menos cerca de 105 anos.