22/11/2022 - 7:25
Uma nova pesquisa liderada pela Universidade da Califórnia em Irvine (EUA) sugere que o envelhecimento é um componente importante da morte das células ganglionares da retina no glaucoma, e que novos caminhos podem ser direcionados ao projetar novos tratamentos para pacientes com glaucoma. O trabalho foi publicado na revista Aging Cell.
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Juntamente com seus colegas, a drª Dorota Skowronska-Krawczyk, professora assistente nos Departamentos de Fisiologia e Biofísica e Oftalmologia e docente do Centro de Pesquisa Translacional da Visão da Escola de Medicina da Universidade da Califórnia em Irvine, descreve no artigo as mudanças epigenéticas e transcricionais que ocorrem na retina envelhecida. A equipe mostra como o estresse, como a elevação da pressão intraocular (PIO, na sigla em inglês) no olho, faz com que o tecido da retina sofra alterações epigenéticas e transcricionais semelhantes ao envelhecimento natural. E, como no tecido retiniano jovem, o estresse repetitivo induz características de envelhecimento acelerado, incluindo a idade epigenética acelerada.
O envelhecimento é um processo universal que afeta todas as células de um organismo. No olho, é um importante fator de risco para um grupo de neuropatias chamado glaucoma. Devido ao aumento da população idosa em todo o mundo, as estimativas atuais mostram que o número de pessoas com glaucoma (40-80 anos) aumentará para mais de 110 milhões em 2040.
Diagnóstico e prevenção precoces
“Nosso trabalho enfatiza a importância do diagnóstico e prevenção precoces, bem como o manejo específico de doenças relacionadas à idade, incluindo o glaucoma”, disse Skowronska-Krawczyk. “As alterações epigenéticas que observamos sugerem que as alterações no nível da cromatina são adquiridas de forma acumulativa, após várias instâncias de estresse. Isso nos oferece uma janela de oportunidade para a prevenção da perda de visão, se e quando a doença for reconhecida precocemente.”
Em humanos, a PIO tem um ritmo circadiano. Em indivíduos saudáveis, ela oscila tipicamente na faixa de 12-21 mmHg e tende a ser mais alta em aproximadamente dois terços dos indivíduos durante o período noturno. Devido às flutuações da PIO, uma única medição da PIO muitas vezes é insuficiente para caracterizar a patologia real e o risco de progressão da doença em pacientes com glaucoma.
A flutuação da PIO em longo prazo tem sido relatada como um forte preditor para a progressão do glaucoma. O novo estudo sugere que o impacto cumulativo das flutuações da PIO é diretamente responsável pelo envelhecimento do tecido.
Nova ferramenta
“Nosso trabalho mostra que mesmo a elevação hidrostática moderada da PIO resulta em perda de células ganglionares da retina e defeitos visuais correspondentes quando realizada em animais idosos”, afirmou Skowronska-Krawczyk. “Continuamos a trabalhar para entender o mecanismo das mudanças acumulativas no envelhecimento, a fim de encontrar alvos potenciais para a terapêutica. Também estamos testando diferentes abordagens para prevenir o processo de envelhecimento acelerado resultante do estresse.”
Os pesquisadores agora têm uma nova ferramenta para estimar o impacto do estresse e do tratamento no estado de envelhecimento do tecido da retina, o que tornou essas novas descobertas possíveis. Em colaboração com a Clock Foundation e o dr. Steve Horvath, do Altos Labs, pioneiro no desenvolvimento de relógios epigenéticos que podem medir a idade com base nas mudanças de metilação no DNA dos tecidos, foi possível para os pesquisadores mostrar que elevações repetitivas leves da PIO podem acelerar a idade epigenética dos tecidos.
“Além de medir o declínio da visão e algumas mudanças estruturais devido ao estresse e tratamento potencial, agora podemos medir a idade epigenética do tecido da retina e usá-lo para encontrar a estratégia ideal para prevenir a perda de visão no envelhecimento”, disse Skowronska-Krawczyk.