19/12/2022 - 7:16
Os primeiros dinossauros incluíam espécies carnívoras, onívoras e herbívoras, de acordo com uma equipe de paleobiólogos da Universidade de Bristol (Reino Unido).
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Ao observarem as formas dos dentes dos primeiros dinossauros e simular sua função dentária com modelagem computacional, os especialistas puderam compará-los com répteis vivos e suas dietas. Suas descobertas, publicadas na revista Science Advances, mostram que muitos grupos de dinossauros herbívoros eram ancestralmente onívoros e que os ancestrais de nossos famosos herbívoros de pescoço comprido, como o diplodoco, comiam carne. Essa capacidade de diversificar suas dietas no início provavelmente explica seu sucesso evolutivo e ecológico.
Os dinossauros dominaram a Terra durante a era Mesozoica até sua extinção, há 66 milhões de anos. Eles incluíam grupos vegetarianos gigantes como os saurópodes de pescoço longo e espécies carnívoras como o tiranossauro e seus parentes. No entanto, suas origens foram muito mais humildes e remontam ao período Triássico, com os primeiros dinossauros definitivos aparecendo há aproximadamente 235 milhões de anos.
Diversidade em formas de crânio e dentes
Um enigma envolve os primeiros dinossauros: eles eram muito menores que seus parentes posteriores e durante a maior parte do Triássico estiveram à sombra de répteis parecidos com crocodilos. Não se sabe o quão diversos eles eram em termos de dietas e ecologia, mas os cientistas sabem que algo deve ter acontecido no Triássico que permitiu aos dinossauros suportar a extinção em massa do Triássico-Jurássico e se adaptar a suas consequências, tornando-se o grupo dominante para o resto do Mesozoico.
O dr. Antonio Ballell, da Universidade de Bristol, principal autor do estudo, disse: “Logo após sua origem, os dinossauros começam a mostrar uma interessante diversidade de formas de crânio e dentes. Durante décadas, isso fez com que os paleontólogos suspeitassem que diferentes espécies já estavam experimentando diferentes tipos de dietas. Eles compararam essas espécies com espécies de lagartos modernos e tentaram inferir o que elas comiam com base nas semelhanças de seus dentes”.
Ballell prosseguiu: “Investigamos isso aplicando um conjunto de métodos computacionais para quantificar a forma e a função dos dentes dos primeiros dinossauros e compará-los com répteis vivos que têm dietas diferentes. software de engenharia”.
O professor Mike Benton, coautor do estudo, afirmou: “Com essa bateria de métodos, fomos capazes de quantificar numericamente o quão semelhantes os primeiros dinossauros eram aos animais modernos, fornecendo evidências sólidas para nossas inferências de dietas. Os dinossauros terópodes tinham dentes pontiagudos, curvos e semelhantes a lâminas com pequenas serrilhas, que se comportavam como os dos lagartos-monitores modernos. Em contraste, os dentes denticulados de ornitísquios e sauropodomorfos são mais semelhantes aos onívoros e herbívoros modernos, como iguanas”
Aprendizado de máquina na análise
O estudo também é inovador ao usar modelos de aprendizado de máquina para classificar os primeiros dinossauros em diferentes categorias de dieta com base na forma e na mecânica dos dentes. Por exemplo, o Thecodontosaurus, o dinossauro de Bristol, tinha dentes bem adaptados para uma dieta de plantas.
A professora Emily Rayfield, coautora sênior, disse: “Nossas análises revelam que os ornitísquios – grupo que inclui muitas espécies herbívoras, como os dinossauros com chifres, os anquilossauros blindados e os dinossauros com bico de pato – começaram como onívoros. E outra descoberta interessante é que os primeiros sauropodomorfos, ancestrais dos saurópodes vegetarianos de pescoço comprido como o diplodoco, eram carnívoros. Isso mostra que a qualidade de herbívoro não era ancestral de nenhuma dessas duas linhagens, contrariando as hipóteses tradicionais, e que as dietas dos primeiros dinossauros eram bastante diversas”.
Ballell concluiu: “Parece que uma das coisas que tornaram os primeiros dinossauros especiais é que eles evoluíram com dietas diferentes ao longo do Triássico, e achamos que isso pode ter sido a chave para seu sucesso evolutivo e ecológico”.