Tirada por astronautas a bordo da Estação Espacial Internacional (ISS), a detalhada fotografia reproduzida acima, apresentada pelo site Earth Observatory da Nasa, mostra superfícies escuras no hiperárido deserto do Saara oriental no Sudão. Essas superfícies são mesas (elevações naturais isoladas de topo plano em geral mais extensas do que um monte e menos extensas do que um planalto) que se elevam de 70 a 140 metros acima da paisagem circundante de tons mais claros. As mesas são definidas por falésias verticais cortadas por numerosas pequenas ravinas, produzindo um padrão fortemente recortado. Como referência, a mesa menor mede 10 quilômetros de comprimento.

O leito de um rio seco serpenteia no meio da imagem. Um padrão pontilhado de árvores e moitas de arbustos segue a linha do leito do rio, indicando que as raízes estão alcançando a água subterrânea.

A mesma imagem com identificações de características (“gullies” são ravinas; “riverbed”, o leito do rio seco, pontilhado por vegetação). Crédito: ISS Expedição 61/ISS Crew Earth Observations Facility/Earth Science and Remote Sensing Unit, Johnson Space Center

A análise da altura das mesas e das unidades rochosas expostas nas falésias permite aos geólogos interpretar a evolução da paisagem da área. É possível concluir que a camada rochosa que forma as duas mesas era mais extensa no passado e que foi arrancada pela erosão do rio e do vento para produzir a superfície mais jovem e de tons claros vista hoje.

Paisagens desérticas erodidas com superfícies de tons mais escuros e mais claros fortemente contrastantes resultam de processos de intemperismo físico e químico e são um padrão de paisagem comum nessa parte do Saara. Os mapas geológicos indicam que toda a área é um único tipo de rocha conhecido como Arenito Núbio, que é um dos maiores aquíferos de água fóssil do mundo.