09/06/2022 - 7:02
Em geral ao entardecer, milhares de estorninhos (Sturnus vulgaris) alçam voo e, em revoada, como se fossem um organismo único e maleável, executam malabarismos nos ares. Em manobras rápidas, os integrantes do bando mudam frequentemente de direção e velocidade, criando formas gigantescas no céu. Mestres no voo coordenado, realizam essas manobras durante minutos em perfeita sincronia, sem nunca se chocarem, até que, depois de identificar um bom abrigo, mergulham em direção ao solo para descansar. Visto de longe, o balé aéreo parece ocorrer sob a liderança de uma ave ou como reação a mudanças no vento.
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Sob a coordenação do físico Antonio Culla, da Universidade Sapienza de Roma, pesquisadores da Itália e da Argentina encontraram uma explicação diferente para a coordenação. Analisando imagens de revoadas de estorninhos, eles notaram que pequenas flutuações de velocidade de uma ave em relação à outra são toleradas, mas variações grandes são rapidamente corrigidas. Com base nessas informações, eles criaram um modelo matemático que permitiu reproduzir o comportamento de bandos (Nature Communications, 10 de maio).
“Não há líder no bando; todos imitam seus vizinhos”, disse Culla à rede de notícias BBC. “E cada pássaro é capaz de mudar um pouco sua velocidade de uma maneira muito fácil.”
Segundo os pesquisadores, o trabalho pode ser útil para o desenvolvimento de tecnologias que permitam, por exemplo, o controle de enxames de drones.
* Este artigo foi republicado do site Revista Pesquisa Fapesp sob uma licença Creative Commons CC-BY-NC-ND. Leia o artigo original aqui.