05/07/2019 - 18:44
Por anos, os arqueólogos têm procurado as origens dos filisteus, notoriamente conhecidos por meio da Bíblia hebraica como os arquiinimigos do antigo povo de Israel.
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Já faz cerca de 30 anos que arqueólogos realizam a Expedição “Leon Levy” a Ashkelon, um porto israelense a 56 quilômetros ao sul de Tel Aviv. A expedição é patrocinada por instituições como a Fundação Leon Levy, Boston College, Museu Semita da Universidade de Harvard, Wheaton College e Universidade Troy.
Mas um cemitério encontrado em 2013 está jogando mais luz sobre a história desse povo. Para Daniel Master, professor de arqueologia da universidade Wheaton College, em Illinois (EUA), e co-diretor de uma expedição da Universidade de Harvard a Ashkelon, encontrar o cemitério foi como descobrir uma “mina de ouro”.
Segundo Lawrence E. Stager, professor em Harvard e co-diretor da expedição, cerca de 99% dos estudos feitos sobre costumes funerários filistinos não fazem sentido, agora que se sabe como as pessoas desse povo eram realmente enterradas. “Os padrões de sepultamento que encontramos são muito diferentes do que conhecemos da cultura cananéia, da cultura egípcia e da cultura israelita. Portanto, agora temos arqueologia comparativa e contrastante”, afirmou Stager.
Nos últimos três anos, principalmente, os pesquisadores descobriram restos mortais de 160 indivíduos: homens, mulheres e algumas crianças pequenas, a maioria enterrada em poços simples, alguns em câmaras revestidas de pedra e outros cremados.
Muitos dos mortos foram colocados para descansar de costas, juntamente com itens pessoais, como joias, armas ou cerâmicas. Um grande número deles estava acompanhado por dois potes de armazenamento, um dos quais coberto com uma tigela e, em cima, um pequeno jarro no topo. O papel desses objetos no enterro permanece um mistério.
São os próprios ossos que podem oferecer uma melhor compreensão sobre a vida e a ancestralidade dos filisteus. Os pesquisadores usarão testes de DNA, radiocarbono e distância biológica nos próximos meses e anos para ajudar a determinar a origem exata dos filisteus.
Esses testes poderão confirmar ou não a visão antiga de que eles eram “povos do mar” que migraram para a região do oeste ao redor o século 12 aC. Os exames dos restos mortais também os pesquisadores a pintar uma imagem precisa de como os filisteus realmente pareciam, quão saudáveis eram e até mesmo quanto tempo viviam.
“Estamos vendo que alguns sofreram desnutrição na juventude. Vemos isso em seus dentes”, diz Daniel Master. “Estamos percebendo algumas das coisas que eles experimentaram em sua vida, em um nível muito pessoal, sua história médica, por assim dizer, que não podemos obter olhando as casas, a cerâmica ou os fornos de pão. “Vamos aprender coisas que só podemos aprender com os ossos”, afirma o pesquisador.
Trinta anos de trabalho
Desde 1985, a Expedição Leon Levy escavou cuidadosamente o sítio arqueológico, situado dentro de um parque nacional à beira do Mediterrâneo. O antigo porto marítimo, cuja história se estende desde a Idade do Bronze até as Cruzadas, produziu pistas vivas para as vidas de seus antigos habitantes: cananeus, israelitas, filisteus, babilônios, fenícios, micênicos, gregos e romanos. Os itens encontrados durante esse período incluíram cerâmica, moedas, joias e estátuas, bem como vários exemplos de arquitetura avançada, como o mais antigo portal arcado conhecido, datado de 1800 aC.
As descobertas no local apontam para o início e o fim da civilização do povo filisteu em Ashkelon e seu nível de sofisticação. Foram encontradas casas filistéias de elite que datam dos séculos 12 aC, junto com indícios de um mercado outrora movimentado da cidade, congelado no tempo em que os exércitos do rei babilônico Nabucodonosor II incendiaram Ashkelon em 604 aC.
Restos de lojas de vinho e grãos ao longo de uma rua movimentada, bem como recibos antigos da compra e venda desses bens, encontrados em 1992, lançam luz na florescente economia dos filisteus.
Enfrentando o passado
Ficar cara a cara com os filisteus foi um dos pontos altos para Adam Aja, pesquisador de Harvard, e o grande responsável pela descoberta.
Numa noite de verão, em 2013, Aja, assistente de direção da expedição e curador assistente do Museu Semita de Harvard, estava quente, cansado e coberta de poeira. A luz logo desapareceria. Mas ele tinha um palpite: “Continue cavando”.
“Essa é a conexão pessoal que sempre procurei, essa conexão pessoal com as pessoas cuja história eu tenho tentado contar”, diz Aja.
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Aja havia se encontrado fazia pouco tempo com um trabalhador aposentado da Autoridade de Antiguidades de Israel, que alegou que quase duas décadas antes ele havia descoberto restos humanos perto da fronteira norte da cidade, a cerca de 60 centímetros da superfície do solo.
No dia anterior, os membros da expedição vasculharam a área descrita pelo homem, um canto inexplorado de terra fora dos muros da cidade antiga. Eles cavaram um buraco após o outro. Em todas as vezes, o resultado foi o mesmo: nada.
Aja voltou para uma última tentativa acompanhado apenas por um trabalhador israelense que operava uma retroescavadeira. Os resultados foram os mesmos. “Absolutamente nada”, lembra Aja. “Era apenas um solo vazio.”
Com cerca de 30 minutos restantes em seu dia, Aja pediu ao motorista para cavar o mais longe que o braço da máquina iria, mais do que eles haviam cavado antes, com base na lembrança de sua fonte. Quando o balde voltou, Aja o vasculhou e encontrou um osso. Anos de experiência lhe disseram que não era um osso de animal.
Aja subiu no balde e foi descido no fosso, onde rapidamente desenterrou mais ossos e um dente humano. Duas semanas depois, Aja, Master e a equipe restante no local ampliaram o buraco e continuaram cavando. “Foram dois dias loucos”, disse Aja. “A evidência continuou chegando. Sabíamos que tínhamos algo significativo naquele momento. Nós tínhamos cerâmica, nós tínhamos restos articulados completos”, disse.
Acima de tudo, Aja tinha sua conexão direta com as pessoas que ele havia procurado por tanto tempo: os verdadeiros filisteus.
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