22/12/2021 - 13:39
Arqueólogos descobriram os restos mortais de um homem morto pela erupção do Monte Vesúvio em 79 d.C., um dos eventos vulcânicos mais impactantes da história. O homem, de supostos 40 a 45 anos de idade, morreu perto do mar, na cidade de Herculano (vizinha a Pompeia), enquanto tentava escapar da erupção.
Os restos mortais foram descobertos durante escavações em outubro. As primeiras imagens divulgadas do caso surgiram no início de dezembro. Primeiro esqueleto de qualquer vítima do Vesúvio encontrado na área em 14 anos, ele oferece aos cientistas a oportunidade de aplicar as técnicas científicas mais recentes, como fotogrametria 3D, de todas as fases da escavação.
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“Os últimos momentos aqui foram instantâneos, mas terríveis”, disse Francesco Sirano, diretor do Parque Arqueológico de Herculano, à agência noticiosa italiana Ansa. “Era uma hora da manhã quando a onda piroclástica produzida pelo vulcão atingiu a cidade pela primeira vez com uma temperatura de 300-400 graus, ou mesmo, segundo alguns estudos, 500-700 graus. Uma nuvem incandescente correu em direção ao mar a uma velocidade de 100 quilômetros por hora, e era tão densa que não tinha oxigênio”, acrescentou.
Os arqueólogos acreditam que essa nuvem levou o corpo até a beira da água ao longo da praia e talvez até a parte rasa, afirmou Sirano. Segundo ele, os ossos do homem estavam manchados de vermelho de sangue por causa da combustão causada pelo fluxo de magma, cinzas e gás. De acordo com especialistas, isso teria queimado todas as suas roupas e vaporizado sua carne, causando uma morte instantânea.
Material carbonizado
A falta de oxigênio na nuvem implica que os objetos orgânicos foram carbonizados em vez de queimados. Consequentemente, vigas de madeira do telhado, portas e até refeições foram encontradas lá. Segundo Sirano, o homem recém-descoberto estava cercado por detritos carbonizados, entre os quais havia arbustos, raízes de árvores, vigas de telhado e fragmentos de molduras e painéis, provavelmente de casas. Uma viga do telhado carbonizada poderia ter esmagado seu crânio, informou a Ansa.
O esqueleto estava voltado para cima, o que indica que ele se virou para olhar a nuvem de gás quente e matéria vulcânica que se avolumava. “A maioria das pessoas que encontramos aqui em Herculano estava virada para baixo, mas talvez ele estivesse tentando alcançar um barco e se virou porque ouviu o rugido da nuvem correndo em sua direção a 100km/h”, declarou Sirano.
Os restos mortais foram encontrados em uma área onde 300 pessoas foram desenterradas em abrigos de pescadores nos anos 1980, provavelmente aguardando um possível resgate pela frota de Plínio, o Velho.
Os pesquisadores se perguntam por que o homem não estava se abrigando com os outros. Sirano sugeriu que ele poderia ter sido um responsável por resgate ou soldado ajudando as pessoas a fugir para o mar. Outra possibilidade seria a de se tratar de um fugitivo que deixou o grupo para tentar embarcar em um navio de resgate.
Com base no anel que o homem levava dentro de uma caixa de madeira, alguns pesquisadores sugeriram que ele não era rico. O anel continha ferro, mas algo verde dentro da caixa sugere que se tratava de bronze. Como a caixa aparentemente era usada para guardar trocados, se havia apenas aquele anel em seu interior, o homem não podia ser rico.