17/03/2021 - 9:13
Uma operação de defesa do patrimônio arqueológico no deserto da Judeia contra a ação de ladrões de antiguidades, iniciada em 2017, levou a uma das descobertas mais espetaculares dos últimos tempos. Arqueólogos israelenses desenterraram duas dúzias de fragmentos de pergaminhos do Mar Morto em uma gruta denominada “Caverna do Horror”, noticiaram a BBC News, o jornal “The Guardian” e vários outros órgãos internacionais. Essa é a primeira descoberta de tais textos religiosos judaicos em mais de meio século.
“Pela primeira vez em aproximadamente 60 anos, as escavações arqueológicas revelaram fragmentos de um pergaminho bíblico”, disse a Autoridade de Antiguidades de Israel (IAA) em um comunicado.
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A Caverna do Horror é referência arqueológica desde 1961. Naquele ano, fragmentos semelhantes aos encontrados agora e cerca de 40 esqueletos foram descobertos no local. Localizada a cerca de 80 metros abaixo do topo de um penhasco, a caverna é praticamente inacessível. Ela só poderia ser alcançada por equipes que descessem de rapel.
Textos em grego
Os pedaços de pergaminho encontrados foram escritos em grego. Esse idioma foi adotado na região após a conquista da Judeia por Alexandre Magno no século 4 a.C. Apenas o nome de Deus aparece em hebraico. Nos fragmentos constam versículos dos livros de Zacarias e Naum, que fazem parte dos escritos conhecidos como Livros dos Doze Profetas Menores. São os 12 últimos livros proféticos do Antigo Testamento da Bíblia.
Um fragmento encontrado diz: “Estas são as coisas que vocês devem fazer: falar a verdade uns aos outros, fazer justiça verdadeira e perfeita em seus portões”.
Segundo os arqueólogos, o pergaminho pertenceria a rebeldes judeus. Eles teriam se instalado no local entre 130 e 136 d.C., após a fracassada revolta de Bar Kochba contra os dominadores romanos.
Na caverna também foram descobertos moedas raras do período da revolta judaica, um esqueleto mumificado de uma criança de 6 mil anos e uma grande cesta intacta datada de cerca de 10.500 anos atrás. “Pelo que sabemos, esta é a cesta mais antiga do mundo a ser encontrada completamente intacta e sua importância é, portanto, imensa”, disse o IAA.
Segundo o diretor da IAA, Israel Hasson, todas essas relíquias são “de valor incomensurável para a humanidade”.