12/09/2022 - 10:32
A agropecuária é o principal vilão do desmatamento em áreas de floresta tropical em todo o mundo. Um estudo publicado em 8/9 na Nature indicou que entre 90% e 99% de todo o desmatamento nos trópicos é causado direta ou indiretamente pelo setor agropecuário.
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No entanto, a expansão efetiva da produção agropecuária responde pelo desmatamento de, no máximo, ⅔ desse total, o que indica um caminho potencial para reduzir o desmatamento imediato sem prejuízo à produção.
“Embora a agropecuária seja o motor final, as florestas e outros ecossistemas são frequentemente desmatados para especulação com as terras que vieram a ser usadas, projetos que foram abandonados ou mal-concebidos, terras que se mostraram impróprias para o cultivo, bem como devido a incêndios que se espalharam para florestas vizinhas a áreas desmatadas”, explicou Patrick Meyfroidt, professor da Universidade Católica de Louvain (Bélgica) e um dos autores do estudo.
A informação é importante para criar medidas eficazes para o combate ao desmatamento, alinhadas à promoção do desenvolvimento rural sustentável.
Commodities na mira
Segundo o estudo, mais da metade do desmatamento registrado em florestas tropicais está ligado a apenas três atividades agropecuárias: pastos, soja e óleo de palma.
Não acidentalmente, são estas as commodities que estão na mira de governos e blocos econômicos, como a União Europeia, que pretendem impor restrições à importação destas mercadorias se elas estiverem relacionadas ao desmatamento nos países de origem.
No entanto, os autores ressaltaram que o enfrentamento do problema não pode se limitar ao fim das compras de commodities nessa condição pelos mercados consumidores, mas também inclui ações que ofereçam saídas sustentáveis para os produtores, com incentivos para aqueles que produzirem sem desmatar.
“Como nosso estudo mostra, fortalecer a governança florestal e o uso da terra nos países produtores deve ser o objetivo final de qualquer resposta política. As cadeias de fornecimento e as medidas de sustentabilidade tomadas pelos consumidores precisam ser concebidas de maneira que também lidem com as formas indiretas através das quais a agropecuária está ligada ao desmatamento”, defendeu Toby Gardner, diretor da TRASE, que também contribuiu para a pesquisa. “Eles precisam levar a melhorias no desenvolvimento rural sustentável, caso contrário as taxas de desmatamento permanecerão teimosamente altas em muitos lugares”.
EcoDebate, Folha e Pará Terra Boa, entre outros, abordaram os principais pontos do estudo.