05/03/2019 - 14:02
As esperanças de cura para a Aids se fortaleceram nessa segunda-feira. Londres, paciente com HIV, que não quis revelar sua identidade, tornou-se a segunda pessoa a ficar livre do vírus após um transplante de células-tronco da medula óssea.
Em 2007, Timothy Brown, conhecido na época como “paciente de Berlim”, fez história como a primeira pessoa a ser “curada” de HIV. Nos dois casos, o objetivo inicial era tratar um câncer e eles receberam células-tronco de doadores com uma mutação genética rara do gene CCR5, que faz com que a pessoa seja resistente ao HIV. Essa mutação é encontrada em uma pequena minoria de pessoas na Europa Ocidental e é ainda mais raro em outros lugares.
Brown, que tratou uma leucemia mieloide aguda (câncer mais grave de células do sistema imunológico) está livre de vírus desde então. Os cientistas agora o consideram curado. O paciente de Londres parou de tomar a medicação há 18 meses e não há sinal de retorno do HIV.
O paciente de Londres foi diagnosticado com linfoma de Hodgkin em 2012 e, ao contrário de Brown, não teve radioterapia, embora ambos tenham recebido quimioterapia. Ele permaneceu em uso de medicamentos antirretrovirais por 16 meses após o transplante, antes que ele e seus médicos decidissem interromper o tratamento.
O procedimento em si não pode ser considerado uma solução para o HIV
Isso porque os transplantes de células-tronco representam riscos consideráveis e são usados apenas como último recurso. Isso envolve matar quase todas as células do sistema imunológico de alguém com radioterapia ou drogas tóxicas, em seguida, substituí-las por células de um doador.
Mas, para Ravindra Gupta, médico da equipe que tratou o paciente de Londres, o fato de a abordagem ter funcionado pela segunda vez sugere que a cura do paciente de Berlim não foi por acaso, e poderia apontar o caminho para outras estratégias de cura.
Embora milhões de pessoas estejam estáveis e bem medicadas com antirretrovirais, disse Gupta, essa não é a solução para a epidemia de Aids a longo prazo. O HIV infecta células do sistema imunológico, que são produzidas na medula óssea. Embora tenha sido quase sempre fatal, hoje as pessoas podem tomar medicamentos antivirais que impedem a multiplicação do HIV. Estes eliminam o vírus do sangue e de fluidos sexuais, mas pequenas quantidades se escondem em células imunes adormecidas em órgãos como o baço. Se o paciente parar de tomar seus medicamentos antivirais, os níveis de vírus no sangue voltam a subir e o risco de morte é alto.
“É importante porque há 36 milhões de pessoas com HIV no mundo. O objetivo é fazer todo mundo receber tratamento para o resto de suas vidas e isso é uma tarefa enorme, tanto para a entrega de medicamentos, como também para garantir que as pessoas possam permanecer sob medicação por décadas. Há uma questão de custo para os países em desenvolvimento”, explicou ele.