Uma pequena dose de álcool pode ajudar as pessoas a falarem uma língua estrangeira com mais fluência, sugere uma pesquisa da Universidade de Bath. Publicado no Journal of Psychopharmacology e recentemente laureado com o prêmio Ig Nobel (paródia do Prêmio Nobel), o estudo descobriu que participantes que consumiram  álcool tiveram sua pronúncia em um segundo idioma avaliada como significativamente melhor por falantes nativos.

A pesquisa envolveu 50 falantes nativos de alemão que haviam aprendido holandês recentemente. Metade do grupo recebeu uma bebida alcoólica – o equivalente a pouco menos de uma cerveja para um homem de 70kg – enquanto a outra consumiu uma bebida não alcoólica. Em seguida, todos participaram de uma conversa em holandês.

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Os resultados mostraram que o grupo que ingeriu álcool não se autoavaliou como mais fluente, mas foi percebido como tal por observadores nativos de holandês, que não sabiam qual grupo havia consumido a bebida alcoólica. Os pesquisadores levantam a hipótese de que o efeito ansiolítico do álcool pode reduzir o nervosismo e a ansiedade associados ao falar uma língua não nativa, resultando em uma melhor performance oral.

O estudo foi o vencedor da categoria “Psicologia” da 35ª cerimônia anual do Ig Nobel, realizada na Universidade de Harvard. A premiação, uma paródia do famoso Prêmio Nobel, homenageia anualmente pesquisas que “primeiro fazem as pessoas rirem, e depois as fazem pensar”. O nome da consagração é um trocadilho justamente para “ignóbil”.

Veja outros vencedores do Ig Nobel 2025:

Vacas-Zebra deixam moscas confusas

Na categoria Biologia, uma equipe japonesa conquistou o prêmio ao investigar uma solução criativa para um problema rural: as moscas que picam o gado. A pesquisa demonstrou que vacas pintadas com listras semelhantes às de uma zebra sofrem um número significativamente menor de picadas. O estudo sugere que o padrão listrado confunde o sistema visual dos insetos, oferecendo um método de controle de pragas que é ao mesmo tempo eficaz e visualmente marcante. O Dr. Tomoki Kojima, um dos pesquisadores, expressou sua incredulidade e alegria: “Quando fiz este experimento, esperava ganhar o Ig Nobel. É o meu sonho.”

Dieta de Teflon

O prêmio de Nutrição foi para uma descoberta peculiar Cientistas de Israel e dos Estados Unidos investigaram os efeitos de uma dieta enriquecida com Teflon em ratos. Surpreendentemente, os roedores que consumiram uma ração com 25% do polímero antiaderente por três meses perderam peso e não apresentaram efeitos tóxicos aparentes. Embora a pesquisa não seja uma recomendação para humanos, ela abre uma porta bizarra para o estudo do metabolismo e da absorção de substâncias inertes.

Leite Materno com sabor de alho

Na área da Pediatria, um estudo observou como a dieta materna influencia o comportamento dos bebês durante a amamentação. A conclusão foi a de que os bebês mamavam por mais tempo e com mais vigor depois que suas mães consumiam alho. A pesquisa, que parece um simples fato curioso, tem implicações importantes para entender como as preferências alimentares podem começar a se formar desde os primeiros dias de vida, através dos sabores que são transmitidos pelo leite materno.

A longa jornada das unhas

Por fim, o prêmio de Literatura foi concedido postumamente ao Dr. William Bean, que por 35 anos documentou meticulosamente o crescimento de suas próprias unhas das mãos e dos pés. Em uma série de artigos, ele transformou uma observação pessoal em um registro longitudinal único. Seu filho, Bennett, ao aceitar a homenagem, lembrou que o pai ficaria encantado com o reconhecimento: “Ele diria: ‘Finalmente, o reconhecimento!'”.