12/06/2025 - 20:08
Ministro da Defesa alemão disse que proposta não é considerada pelo governo, mas ampliou pacote de ajuda militar a Kiev. Presidente ucraniano solicita o armamento de longo alcance a Berlim há mais de um ano.O ministro da Defesa da Alemanha, Boris Pistorius, anunciou nesta quinta-feira (12/06) que Berlim vai ampliar a ajuda financeira à Ucrânia em 1,9 bilhão de euros (R$ 12 bilhões), mas disse que seu governo não considera enviar os mísseis alemães de longo alcance Taurus a Kiev.
“No total, a Alemanha vai apoiar a Ucrânia este ano com cerca de nove bilhões de euros [cerca de R$ 57 bilhões], afirmou o ministro, que faz sua primeira visita ao país como integrante do governo de Friedrich Merz. No começo do ano, a Alemanha previa uma transferência de 4 bilhões de euros a Kiev (R$ 25 bilhões). O valor vem sendo ampliado desde então.
A Alemanha é o segundo maior doador militar à Ucrânia, atrás apenas dos Estados Unidos. O novo pacote ainda precisa ser aprovado pelo Bundestag, a câmara baixa do parlamento alemão, explicou Pistorius em coletiva de imprensa ao lado do presidente ucraniano, Volodimir Zelenski.
O governo ucraniano também receberá recursos para “comprar equipamentos para a indústria de defesa ucraniana”, o que permitirá “um melhor aproveitamento das capacidades produtivas locais”, acrescentou o ministro da Defesa. Ele reforçou o interesse de Berlim de usar tais recursos para financiar a produção de armas de longo alcance produzidas na Ucrânia, segundo os termos de um acordo firmado entre Zelenski e Merz em maio.
Os primeiros sistemas desse tipo devem estar prontos “nos próximos meses”, disse o ministro.
Berlim rejeita envio de mísseis Taurus
No entanto, Pistorius afirmou que a Alemanha não pretende fornecer os mísseis Taurus à Ucrânia, conforme havia sido especulado após falas recentes de Merz. “Você está me perguntando se estamos considerando isso. Minha resposta é não”, disse ele a um jornalista.
Kiev vem pedindo, sem sucesso, há mais de um ano, que Berlim envie esses mísseis de cruzeiro de fabricação alemã para que possam ser usados contra o território russo. O Taurus alemão, com um alcance de mais de 500 quilômetros, poderia permitir o exército ucraniano a atingir centros logísticos russos bem atrás das linhas inimigas com alta precisão.
O ex-chanceler federal alemão Olaf Scholz sempre se recusou a atender o pedido. Contudo, seu sucessor, Friedrich Merz, que assumiu o cargo no início de maio, inicialmente era favorável ao envio dessas armas.
Em maio, ele reacendeu o debate ao dizer que Berlim não vai impor limites no emprego de sistemas de longo alcance aos ucranianos, sem citar quais armas seriam essas. Ao final do mês, após se encontrar com Zelenski e anunciar a produção conjunta de armamentos, voltou a deixar a questão em aberto ao não se pronunciar sobre a transferência do Taurus.
Moscou já havia advertido que o fornecimento dos mísseis alemães à Ucrânia seria interpretado como uma participação direta de Berlim na guerra. Após as falas de Merz, a Rússia subiu o tom e chamou a cooperação industrial entre Berlim e Ucrânia de “irresponsável” e “perigosa”. Havia um temor de que, com oVladimir Putin possível envio dos mísseis, o presidente russo Vladimir Putin poderia escalar a guerra ou romper as já instáveis negociações de paz.
Aumento de tensões
A visita do ministro da Defesa alemão a Kiev ocorre em um momento de intensos bombardeios russos contra o território ucraniano e com as negociações entre os dois países paralisadas.
“Ninguém pode acreditar seriamente que [o presidente russo] Vladimir Putin esteja genuinamente interessado em conversas sérias sobre cessar-fogo, trégua ou mesmo paz”, declarou Pistorius.
Em duas rodadas de negociações em Istambul, Moscou e Kiev até agora apenas concordaram com a troca de prisioneiros. Moscou continua exigindo que a Ucrânia reconheça a anexação de partes do seu território e insiste em uma “Ucrânia desmilitarizada”. Já Kiev exige garantias de segurança sólidas dos aliados para evitar ataques futuros.
Também nesta quinta-feira, Zelenski disse que espera pressionar o presidente americano Donald Trump a aumentar as sanções contra a Rússia. Os dois líderes se encontrarão na cúpula do G7 que acontece neste final de semana.
gq (dw, lusa, afp)