Organização afirma que ao menos cinco casos motivados por islamofobia foram registrados por dia no país em 2023, a maioria por insultos, discriminação ou ameaças.A organização Claim, que atua contra a islamofobia e a discriminação a muçulmanos, informou nesta segunda-feira (24/06) que os crimes com essas motivações mais do que dobraram na Alemanha no ano passado.

O grupo disse ter registrado um total de 1.926 casos, ou seja, pouco mais de cinco por dia, em média, o que gerou um aumento de cerca de 114% em relação a 2022.

“O racismo contra muçulmanos nunca foi tão aceito socialmente como hoje e vem do centro da sociedade”, afirmou a diretora da organização, Rima Hanano.

O título do relatório ironiza o primeiro artigo da Lei Fundamental, que completou 75 anos no dia 23 de maio e que afirma que a dignidade humana é “inviolável”, dizendo, em vez disso, que ela é “violável”.

A Claim compilou a lista usando diferentes fontes, a exemplo da comunicação feita pelas próprias forças policiais alemãs.

Os crimes mais comuns foram ataques verbais ou insultos, principalmente contra mulheres, seguidos por casos de discriminação, além de ameaças e coerção. Em 178 casos, pouco menos de um em cada 10, foram documentados danos físicos. A contagem da Claim também incluiu quatro tentativas de homicídio e cinco casos de incêndio criminoso.

Conflito israelo-palestino causou impacto

A organização informou que houve um aumento considerável nos crimes contra muçulmanos na Alemanha após o ataque terrorista do Hamas a Israel em 7 de outubro.

Os números também apontam que os crimes com motivações antissemitas mais do que dobraram em 2023, impulsionados principalmente a partir do dia 7 de outubro, com mais de 60% dos casos do ano ocorrendo após essa data.

O relatório sobre crimes islamofóbicos na Alemanha é o segundo do gênero publicado pelo grupo Claim. Este ano, ele está sendo lançado juntamente com uma campanha para aumentar a conscientização da sociedade em relação ao tema, tendo apoio de autoridades, acadêmicos e políticos alemães.

“As ruas, os ônibus ou as mesquitas não são mais lugares seguros para pessoas que são muçulmanas ou que são vistas como tal”, concluiu Hanano.

gb (Reuters, DW, AFP, epd, KNA)