Sindicatos que representam funcionários de solo da companhia aérea Lufthansa e maquinistas da operadora ferroviária Deutsche Bahn anunciam novas paralisações.A Alemanha enfrentará mais uma semana de greves, após os sindicatos anunciarem nesta segunda-feira (04/03) novas rodadas de paralisações na companhia aérea Lufthansa e na operadora de trens Deutsche Bahn, em meio a impasses nas negociações sobre salários e compensações pela inflação.

Os funcionários de solo da Lufthansa realizarão uma greve de dois dias a partir desta quinta-feira – a quarta seguida em poucas semanas, após outras três em fevereiro – depois de o sindicato alemão Ver.di acusar a empresa de não demonstrar “nenhuma vontade” em levar uma proposta melhorada à mesa de negociações.

Segundo o sindicato, a paralisação deve gerar impacto sobre os serviços aos passageiros entre a madrugada de quinta-feira e a manhã de sábado. A Lufthansa alertou que em torno de 200 mil clientes deverão ser afetados.

A última greve dos funcionários de solo ocorreu a menos de uma semana, quando o pessoal técnico da empresa e das unidades de treinamento cruzaram os braços, embora isso não tenha afetado as viagens dos passageiros.

Outra paralisação de um dia apenas em fevereiro afetou cerca de 100 mil passageiros, com entre 80% e 90% dos voos sendo cancelados.

O negociador-chefe do Ver.di junto à Lufthansa classificou como lamentável o fato um grande número de pessoas ser atingido. “Ao ignorar nosso pedido de negociação, a Lufthansa praticamente nos diz que só vai agir quando a pressão aumentar ainda mais”, afirmou.

O diretor de recursos humanos da empresa, Michael Niggemann, disse que a Lufthansa melhorou repetidas vezes sua proposta e acusou o sindicato de “buscar propositalmente um agravamento ao invés de uma solução.”

O Ver.di exige aumento de 12,5% nos salários e um bônus para compensar a inflação durante um ano. A Lufthansa ofereceu 10% de aumento salarial por um prazo de 28 meses. A próxima rodada de negociações está marcada para os dias 13 e 14 de março.

A Alemanha atravessa uma série de greves em diversos setores, incluindo nos transportes públicos (trens regionais e de longa distância, metrôs, bondes e ônibus urbanos). Atormentados pela inflação dos últimos anos e na sequência da pandemia de covid-19, os trabalhadores exigem salários mais elevados para fazer frente ao custo de vida.

Maquinistas preparam “onda de greves”

A disputa entre a operadora de trens alemã Deutsche Bahn e o sindicato dos ferroviários GDL entrará nesta semana em uma nova fase, com uma nova greve de 35 horas dos maquinistas com início marcado para a tarde desta quarta-feira.

Além de um aumento salarial para ajudá-los a enfrentar a alta no custo de vida, os maquinistas querem uma redução da semana de trabalho de 38 para 35 horas, sem redução nos ganhos. Claus Weselsky, diretor do GDL, disse que as conversas com a empresa fracassaram.

A Deutsche Bahn afirma ter feito concessões, com a oferta de 13% de aumento salarial, além da opção do corte de uma hora na jornada semanal a partir de 2026.

Os trens de carga vão parar de circular no fim da tarde desta quarta-feira, e os de passageiros, às 2h horas da manhã de quinta-feira, no horário local.

“A primeira greve vai durar 35 horas para que todos no país possam sentir sobre o que estamos falando”, disse Weselsky, acrescentando que outras paralisações também acontecerão.

“Iniciamos a chamada onda de greves” afirmou. Ele explicou que as novas paralisações serão anunciadas “quando entendermos que é a hora certa”, e não mais com 48 horas de antecedência, como de costume. Como resultado, “os trens não serão mais um meio de transporte confiável”, ameaçou.

O diretor de recursos humanos da Deutsche Bahn, Martin Seiler, condenou o anúncio do GDL, acusando o sindicato de “teimosia e egoísmo” ao insistir em sua demandas mais altas, mesmo sabendo que são inatingíveis.

Paralisações de vários dias na malha ferroviária em janeiro afetaram milhares de passageiros e elevaram a pressão sobre a cadeia de abastecimento, que já sofre os efeitos da crise no Oriente Médio e da guerra na Ucrânia.

Segundo a Deutsche Bahn, cada dia de greve custa à economia alemã números na casa dos oito dígitos