Deputados aprovam regulamentação que amplia proteção a mulheres que abortarem depois da 13ª semana de gravidez. Texto poderá entrar em vigor em 1º de junho deste ano.O Bundestag, a câmara baixa do parlamento alemão, aprovou na noite desta quinta-feira (30/01) uma lei que amplia a proteção às mulheres que sofrerem aborto espontâneo após 13 semanas de gestação. Por meio da concessão de licença-maternidade, o projeto visa dar apoio às pacientes durante um período de recuperação física e emocional, argumentou Sarah Lahrkamp, deputada pelo Partido Social Democrata (SPD).

Conforme a legislação alemã atual, as mulheres têm direito à licença-maternidade remunerada, que começa seis semanas antes do parto e continua por oito semanas após o nascimento. Mas isso não se aplica a casos de aborto espontâneo.

Dois projetos de lei praticamente idênticos estavam na pauta. Como parte de um acordo entre os partidos, o comitê parlamentar decidiu adotar o texto apresentado pelo bloco conservador União Democrática Cristã (CDU) e União Social Cristã (CSU).

Atualmente, mulheres que sofrem um aborto espontâneo até a 24ª semana de gravidez podem solicitar uma licença médica, sem terem a certeza se conseguirão obtê-la. Agora, mulheres que abortarem após a 13ª semana de gravidez terão a opção – sem obrigatoriedade – de tirar licença-maternidade.

A lei ainda será apreciada pelo Bundesrat, a câmara alta do parlamento alemão, em 14 de fevereiro. Se aprovada, poderá entrar em vigor em 1º de junho deste ano.

Estima-se que aproximadamente 6 mil abortos espontâneos ocorram na Alemanha a cada ano entre a 13ª e a 24ª semana de gravidez. Entretanto, a maioria – cerca de 84 mil – ocorre antes da 12ª semana de gravidez, o que não é coberto pela nova lei.

Aborto segue ilegal no país

O aborto é ilegal na Alemanha, mas não é punível se ocorrer sob certas condições. Desde a década de 1990, as mulheres podem interromper a gravidez nos primeiros três meses de gestação sem risco de um processo legal, se passarem por um aconselhamento antes do procedimento.

O aborto também é permitido após um estupro ou se há perigo para a vida ou a saúde física ou psíquica da mulher.

De acordo com o parágrafo 218 do Código Penal alemão, uma mulher que pratica um aborto está infringindo uma lei e “será punida com pena de prisão de até três anos ou multa”. As exceções, porém, estão no mesmo parágrafo.

A mais frequente é justamente a chamada regra do aconselhamento, usada quando o aborto ocorre por iniciativa da gestante.

O aspecto mais importante, no entanto, é que a decisão a favor ou contra o aborto deve sempre ser da mulher grávida.

gb/ra (AFP, dpa)