19/10/2022 - 13:25
De acordo com um novo estudo publicado na última terça-feira (18/10) na revista científica Cell, se você acha que você é um imã de mosquitos, você pode estar certo. Os pesquisadores revelaram que certos odores corporais são o fator decisivo para o ataque de mosquitos.
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Cada pessoa tem um perfil olfativo único, composto por diferentes compostos químicos, e os cientistas descobriram que os mosquitos são mais atraídos por pessoas cuja pele produz altos níveis de ácidos carboxílicos.
Além disso, os pesquisadores descobriram que a atratividade das pessoas pelos mosquitos permaneceu estável ao longo do tempo, independentemente de mudanças na dieta ou hábitos de higiene.
“A questão de por que algumas pessoas são mais atraentes para os mosquitos do que outras, essa é a pergunta que todo mundo faz”, disse a coautora do estudo Leslie Vosshall, neurobióloga e especialista em mosquitos do Howard Hughes Medical Institute e da Rockefeller University. “Minha mãe, minha irmã, pessoas na rua, meus colegas – todo mundo quer saber.”
Esse interesse público é o que a levou a projetar este estudo. Os cientistas apresentaram algumas teorias para explicar por que os mosquitos atacam uns mais do que os outros, incluindo uma ideia de que as diferenças no tipo sanguíneo devem ser as culpadas.
A evidência é fraca para esta ligação, no entanto, segundo Vosshall. Com o tempo, os pesquisadores começaram a se unir em torno da teoria de que o odor corporal deve ser o principal culpado na atração do mosquito, mas os cientistas não conseguiram confirmar quais odores específicos os mosquitos preferem.
Para responder a essa pergunta, Vosshall e seus colegas reuniram 64 participantes e os fizeram usar meias de nylon nos braços. Após seis horas, os nylons estavam impregnados com o cheiro único de cada pessoa.
“Esses nylons não teriam cheiro para mim ou, eu acho, para ninguém realmente”, explicou Maria Elena De Obaldia, cientista sênior da empresa de biotecnologia Kingdom Supercultures e principal autora do estudo, que ela conduziu enquanto estava na Rockefeller University.
Ainda assim, as meias eram certamente odoríferas o suficiente para atrair mosquitos. Os pesquisadores cortaram os nylons em pedaços e colocaram dois (de diferentes participantes) em um recipiente fechado que abrigava as fêmeas do mosquito Aedes aegypti.
Os pesquisadores continuaram essas batalhas frente a frente por vários meses, contou Vosshall, coletando novas amostras dos participantes conforme necessário. Quando acabou, a equipe teve uma prova clara de que algumas pessoas eram mais atraentes do que outras.
O sujeito 33 foi classificado como o maior imã de mosquitos, com uma pontuação de atratividade “mais de 100 vezes maior” do que a dos sujeitos menos atraentes, 19 e 28, escreveram os autores do estudo.
Os pesquisadores analisaram os perfis olfativos dos sujeitos para ver o que poderia explicar essa grande diferença. Eles encontraram um padrão: os indivíduos mais atraentes tendiam a produzir níveis maiores de ácidos carboxílicos de sua pele, enquanto os menos atraentes produziam muito menos.
Os ácidos carboxílicos são compostos orgânicos comuns. Os humanos os produzem em forma de sebo, que é a camada oleosa que reveste nossa pele. Lá, os ácidos ajudam a manter nossa pele hidratada e protegida, segundo Vosshall.
Os seres humanos liberam ácidos carboxílicos em níveis muito mais altos do que a maioria dos animais, acrescentou De Obaldia, embora a quantidade varie de pessoa para pessoa. O novo estudo teve poucos participantes para dizer quais características pessoais tornam alguém mais propenso a produzir altos níveis de ácidos carboxílicos e não há uma maneira fácil de testar os níveis de ácido carboxílico da sua própria pele fora do laboratório, explicou Vosshall.
No entanto, eles descobriram que a pele mantém um nível relativamente constante de ácidos carboxílicos ao longo do tempo. Isso, por sua vez, leva a um perfil de odor consistente. Quando Vosshall e De Obaldia realizaram as análises de odor várias vezes com vários meses de intervalo, elas descobriram que a classificação de atratividade das pessoas permaneceu praticamente a mesma.
Quaisquer fatores pessoais que possam ter mudado ao longo desses meses, desde o que cada sujeito comeu até o tipo de sabão que usou, não pareceu fazer diferença. “Essa propriedade de ser um ímã de mosquito fica com você por toda a sua vida – o que é uma boa ou má notícia, dependendo de quem você é”, concluiu Vosshall.