Gabinete de guerra de Netanyahu discute opções para retaliar investida iraniana, mas aliados alertam contra alastramento do conflito para a região. Países do G7 cogitam impor novas sanções a Teerã.O governo de Israel está sob pressão cada vez maior dos aliados para evitar uma agravamento das tensões no Oriente Médio, enquanto Tel Aviv avalia de que forma o país deve reagir ao ataque iraniano sem precedentes com drones e mísseis iranianos ocorridos no último fim de semana.

Segundo fontes do governo israelense, o premiê Benjamin Netanyahu reuniu nesta segunda-feira (15/04) seu gabinete de guerra pela segunda vez em menos de 24 horas. Autoridades do governo, no entanto, afirmam que uma retaliação não estaria próxima de ocorrer, e que Israel não agiria de maneira isolada.

Relatos na imprensa israelense afirmam que várias possíveis reações foram avaliadas pelos membros do gabinete. A emissora Canal 12 informou que o país deseja dar uma resposta que seja dolorosa ao Irã, mas que não provoque uma guerra na região.

Segundo a emissora, as autoridades israelenses pretendem coordenar futuras ações com seu maior aliado, os Estados Unidos. Washington, porém, já afirmou que não participaria de uma possível contraofensiva.

Israel se mantem em alerta

O ataque iraniano – que já era uma represália a um bombardeio de Israel à embaixada do Irã em Damasco, na Síria – exacerbou os temores quanto a uma guerra aberta entre os dois países e um possível alastramento da violência pela região.

O bombardeio aéreo atribuído a Israel à embaixada iraniana em Damasco, em 1º de abril, matou sete comandantes da Guarda Revolucionária do Irã, incluindo dois do alto escalão.

A investida iraniana, com mais de 300 mísseis e drones, gerou danos de pequenas proporções e nenhuma morte. A maioria dos projéteis foi abatida pelo sistema de defesa Domo de Ferro e com o auxílio das Forças Armadas dos Estados Unidos, Reino Unido, Jordânia e França.

O ataque gerou cancelamentos ou redirecionamentos de voos de mais de uma dezena de companhias aéreas. A agência europeia de aviação reafirmou sua recomendação às companhias para que atuem com cuidado nos espaços aéreos iraniano e israelense.

Israel continua em alerta máximo, embora as autoridades tenham removido algumas medidas de segurança, como a proibição de atividades escolares e limites às aglomerações em locais públicos.

O ministro iraniano do Interior, Hossein Amirabdollahian, disse que Teerã informou os EUA que o ataque seria limitado e em caráter de autodefesa. Os países vizinhos teriam sido notificados com 72 horas de antecedência.

Aliados pedem cautela

Desde o início da guerra entre Israel e o grupo islamista Hamas na Faixa de Gaza, em 7 de outubro do ano passado, surgiram novos conflitos entre o país e grupos apoiados pelo Irã no Líbano, Síria, Iêmen e Iraque. Nos últimos meses, houve uma série de confrontos entre forças israelenses e o Hisbolá na fronteira com o território libanês.

“Estamos à beira de um abismo e temos de nos afastarmos dele”, alertou o chefe da diplomacia da União Europeia (UE), Josep Borrell. “Temos de pisar no freio e engatar uma marcha à ré.”

O presidente da França, Emmanuel Macron; o chanceler federal da Alemanha, Olaf Scholz; e o ministro britânico do Exterior, David Cameron; lançaram apelos similares, ecoando os pedidos de cautela feitos por Washington e pelo secretário-geral da ONU, António Guterres.

Governos da França, Alemanha, Bélgica e outras nações convocaram os embaixadores iranianos em seus respectivos países para dar explicações sobre o ataque a Israel.

G7 cogita novas sanções

A Rússia se recusou a criticar publicamente seus aliados em Teerã e se limitou a expressar preocupação com um possível alastramento do conflito. “Novos agravamentos não são do interesse de nenhuma das partes”, disse o porta-voz do Kremlin, Dmirty Peskov.

O governo da Itália – que ocupa atualmente a presidência rotatória do grupo dos países do G7 – levantou a hipótese de novas sanções serem impostas ao Irã em razão do ataque.

Segundo o ministro italiano do Exterior, Antonio Tajani, as novas punições necessitam do apoio de todas as nações do grupo, que, além da Itália, inclui também os EUA, Alemanha, França, Canadá, Reino Unido e Japão.

rc (Reuters, DPA)