02/06/2016 - 19:39
No imenso universo, a busca por vida alienígena pode começar em um sistema solar relativamente próximo do nosso em termos astronômicos. Em maio, uma equipe liderada por cientistas belgas divulgou na revista Nature a descoberta de três planetas do tamanho da Terra orbitando uma estrela anã ultrafria. É a primeira vez que planetas foram encontrados em torno desse tipo de estrela. Todos estão dentro da zona considerada habitável para seres terrestres – ou seja, possuem temperaturas compatíveis com as nossas e não são quentes ou frios a ponto de impedir que a água corra livremente.
A estrela em questão tem um indigesto nome oficial: 2MASS J23062928-0502285. Por isso, é seu apelido que faz mais sucesso: Trappist-1, em referência ao telescópio belga (Transiting Planets and Planetesimals Small Telescope) que fez a descoberta, instalado em La Silla, no deserto de Atacama, no Chile. Situada na constelação de Aquário, ela é um pouco maior do que Júpiter e emite apenas uma parcela da radiação liberada pelo Sol.
As pesquisas de exoplanetas têm como alvo, em geral, estrelas maiores e mais brilhantes, mais semelhantes ao Sol, mas o brilho da luz estelar, nesses casos, pode ofuscar os planetas. Já estrelas anãs frias que emitem luz infravermelha, como a Trappist-1, tornam mais fácil a detecção de potenciais mundos.
Como a Trappist-1 não está longe da Terra e não emite muita luz, os cientistas podem estudar as atmosferas desses três exoplanetas e, futuramente, procurar sinais de vida. As observações atmosféricas já começaram, com o auxílio dos telescópios espaciais Spitzer e Hubble, da Nasa. Michael Gillon e Emmanuel Jehin, da Universidade de Liège, autores do estudo publicado na Nature, construíram o Trappist para observar 60 das estrelas anãs ultrafrias mais próximas.
A descoberta veio após observações realizadas entre setembro e dezembro de 2015. “Esses são os primeiros planetas do tamanho da Terra e de clima temperado encontrados fora do Sistema Solar e os primeiros que podemos estudar em detalhe”, afirma Gillon. A composição dos astros ainda é ignorada, mas Gillon ressalta que seus tamanhos indicam que devem ser rochosos. “Eles podem ser ricos em ferro, como Mercúrio, ou ter predomínio de rochas de silicato, ou ser extremamente gelados, como as luas de Júpiter.”