Com destruição de mais de 2 milhões de hectares, desmatamento no Brasil aumentou 22,3% no ano passado, aponta MapBiomas. Quilombos e terras indígenas seguem sendo as áreas mais bem preservadas.Com a destruição de mais de 2 milhões de hectares de floresta no ano passado, o Brasil registrou um aumento de 22,3% nos índices de desmatamento em comparação com 2021. Só na região da Amazônia, o país perdeu 21 árvores a cada segundo.

Contrastando com esse quadro, territórios indígenas e quilombolas – alvos frequentes de disputas fundiárias e da cobiça de criminosos – seguem sendo as áreas mais bem preservadas do país, respondendo por 1,4% do total desmatado em 2022.

Já o agronegócio figura no outro extremo: com 95,7% de toda a área desmatada no ano passado, o setor figura mais uma vez como o principal vetor do desmatamento no país. Contudo, só uma parcela ínfima de propriedades rurais oficialmente cadastradas (1,1%) foi responsável por 84% do total destruído no período.

Os dados são do MapBiomas, uma iniciativa do Observatório do Clima que reúne acadêmicos, ONGs e empresas de tecnologia, e foram revelados nesta segunda-feira (12/06) pelo jornal O Estado de S.Paulo. O grupo monitora o desmatamento em todos os biomas brasileiros desde 2019 a partir da análise de imagens de satélite.

Ainda segundo o relatório, foram reportados nesses quatro anos mais de 300 mil eventos de desmatamento, e o Brasil perdeu um total de 6,6 milhões de hectares – mais do que o território inteiro do estado do Rio de Janeiro (4,4 milhões de hectares) –, tendo 2022 sido o pior ano da série.

No ano passado, o grosso do desmatamento (90,1%) esteve concentrado nos biomas da Amazônia e do Cerrado. Pela metodologia do MapBiomas, a Mata Atlântica foi o único bioma que não registrou piora – dados da SOS Mata Atlântica e do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) divulgados no final de maio, contudo, apontam em direção contrária.

O relatório divulgado nesta segunda aponta ainda o papel de outros setores no desmatamento, como o garimpo – que, apesar de responder por uma área ínfima (quase 6 mil hectares), tem alto impacto ambiental pela contaminação das águas e proliferação de doenças – e a geração de energia solar (1 mil hectare) e eólica (3,2 mil hectares).

Ainda segundo o MapBiomas, a fiscalização de Ibama e ICMBio não tem dado conta da devastação – até maio deste ano, as ações de autuação e embargo alcançaram apenas 2,4% dos alertas de desmatamento e 10,2% da área desmatada identificada entre 2019 e 2022.

ra/bl (ots)