30/10/2025 - 17:53
O bioma registrou 5.796 km² de perda florestal entre 2024 e 2025, uma redução de 11%. Este é a terceira menor área desmatada desde o início da série histórica, em 1988.O desmatamento na Amazônia totalizou 5.796 km² entre agosto de 2024 e julho de 2025, o que representa uma redução de 11% em comparação com o período anterior. Trata-se da terceira menor área anual desmatada desde o início da série histórica, em 1988, e a mais baixa registrado desde 2014.
As informações foram divulgadas nesta quinta-feira (30/10) pelo Ministério do Meio Ambiente e Mudança Climática (MMA) com base em dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).
Este é o terceiro ano consecutivo de queda no desmatamento na Amazônia Legal. Em 2022, por exemplo, foram derrubados 12,7 mil km² de floresta. Resultados inferiores a esse patamar só haviam sido registrados de 2011 a 2012 e 2013 a 2014, quando o bioma perdeu menos de 5 mil km² por ano de vegetação nativa.
Se considerado apenas o primeiro semestre de 2025, porém, a tendência foi reversa, com crescimento no desmatamento registrado na Amazônia.
Incêndios florestais impulsionam desmatamento
Os estados que mais contribuíram com o desmatamento entre 2024 e 2025 foram o Pará, Mato Grosso e Amazonas, que responderam, juntos, por 80% de todo do total de floresta derrubada na Amazônia Legal.
O Tocantins, que possui uma área de floresta menor que outros estados, registrou a maior queda proporcional, com 62%. O Amapá teve uma redução de 42% e Roraima, 37%.
Apesar do avanço, incêndios florestais recorde que atingiram o Brasil em 2024 contribuíram para grandes perdas de floresta primária no país.
“Ainda que exista uma queda do desmatamento, uma coisa que chama atenção é o incremento da área desmatada por degradação progressiva, com grandes incêndios florestais que chegam a levar a floresta ao colapso”, afirmou o coordenador do Programa BiomasBR do Inpe, Cláudio Almeida.
Ele destaca, por exemplo, que o Mato Grosso, estado bastante afetado por incêndios no período, registrou aumento de 25% no desmatamento.
Cerrado também reduz desmatamento
Já no Cerrado, a redução foi de 11,49%. Mais de 7,2 mil km² foram desmatados no bioma, que registrou seu segundo ano consecutivo de queda no índice, após cinco de alta.
Dados do Inpe mostram que o maior percentual de desmatamento ocorreu na área do Matopiba – região de fronteira do agronegócio que abrange os estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia. Juntos, eles responderam por 78% de toda a área desmatada no bioma.
Os maiores desmatadores foram o Maranhão, que responde por 28% de toda a perda florestal; Tocantins, com 21%; Piauí, com 19% e a Bahia, com 11%.
Marina Silva endossa desmatamento zero até 2030
A ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, disse que os dados mostram o compromisso do governo com a agenda ambiental de desmatamento zero até o ano de 2030.
“A redução do desmatamento na Amazônia pelo terceiro ano consecutivo nesta gestão e no Cerrado pelo segundo ciclo seguido é a confirmação de que a agenda ambiental é prioritária e transversal”, afirmou,
“Isso é fundamental para que o país contribua ao enfrentamento à mudança do clima a nível global, o que beneficia diretamente a vida dos brasileiros e brasileiras, que já enfrentam, em diferentes medidas, os impactos crescentes do aquecimento global em forma de eventos extremos, por exemplo”, disse a ministra.
Segundo ela, combater o desmatamento e proteger o meio ambiente são condicionantes para que o Brasil alcance o desenvolvimento econômico em bases sustentáveis.
À DW, o líder Mudanças Climáticas do WWF-Brasil, Alexandre Prado, afirmou que os dados são resultado da retomada de planos nacionais de combate ao desmatamento.
“Depois de anos de retrocesso, o Brasil volta a trilhar uma trajetória de liderança ambiental e demonstra que é possível combinar desenvolvimento econômico com proteção dos biomas. É importante que o setor privado acompanhe esse movimento, avançando na implementação de compromissos reais de desmatamento zero em suas cadeias produtivas”, disse.
Petróleo ameaça diplomácia climática brasileira
O anúncio ocorre dias antes do início da30ª Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP30), em Belém, e dá força à meta do governo brasileiro de zerar o desmatamento até 2030.
Contudo, segundo relatório da organização Forest Declaration Assessment, o Brasil está atrasado no cumprimento de metas assumidas no Acordo de Paris, como o de reflorestar 12 milhões de hectares de mata nativa.
Além disso, apesar de se propor como liderança climática, o país sofre críticas por avançar com planos para explorar petróleo na Foz do Rio Amazonas.
gq (Agência Brasil, OTS)
