Mais de 50 anos depois de serem coletadas, amostras da missão Apollo seguem revelando mistérios sobre a história geológica da Lua.

Um novo estudo publicado no periódico Icarus, e liderado por pesquisadores das universidades de Washington em St. Louis e Brown, analisou minúsculas esferas de vidro encontradas em rochas lunares trazidas pela missão Apollo 17, em 1992. Essas esferas possuem menos de 1 mm de diâmetro e foram formadas há cerca de 3,5 bilhões de anos atrás, por plumas vulcânicas explosivas.

Os avanços tecnológicos atuais foram capaz desandar a estrutura do material em nível atômico. Utilizando uma microsonda NanoSIMS 50 e outras técnicas modernas, os cientistas revelaram detalhes inéditos sobre a pressão, a temperatura e a química dos eventos vulcânicos que moldaram a superfície lunar.

“As contas são cápsulas intocadas do interior lunar”, afirmou Ryan Ogliore, professor de física da Universidade Washington em St. Louis, em um comunicado.

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Passado lunar

Averiguações indicam que as esferas teriam sido rapidamente resfriadas no vácuo lunar e revestidas por camadas nanométricas que, por sua vez, são formadas pela condensação de vapor vulcânico. Desse modo, o processo que formou as amostras evidenciam as condições extremas das erupções locais.

Além disso, os estudiosos identificaram diferenças significativas entre os vidros pretos e laranjas. Enquanto as pretas apresentam cristais de sulfeto de zinco, sugerindo plumas ricas em hidrogênio e enxofre, as laranjas não possuem esses elementos – indicando que ocorreram mudanças químicas nas erupções ao longo do tempo.

De modo geral, as descobertas reforçam que a Lua teve um passado vulcanicamente ativo, repleta de erupções explosivas semelhantes às vistas em regiões como o Havaí, mesmo que com suas próprias peculiaridades.

“É como ler o diário de um antigo vulcanologista lunar”, disse Ogliore sobre analisar as esferas.