Pesquisadores conseguiram traçar os genomas de duas múmias encontradas em Takarkori, um sítio arqueológico da Líbia, e identificaram características das populações que viveram no Saara Verde há milhares de anos. As descobertas foram publicadas na quarta-feira, 2, na revista “Nature”.

Atualmente, o cenário onde as duas múmias foram encontradas é árido e rochoso, mas nem sempre foi assim. Há cerca de sete mil anos, o que hoje conhecemos como o Deserto do Saara era um local mais hospitaleiro e que servia de habitat para hipopótamos e elefantes. As informações são da “CNN Science”.

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De acordo com os cientistas, os genomas analisados são de duas mulheres e foram os primeiros a serem recuperados com informações detalhadas. Geralmente o DNA antigo é fragmentado e contaminado, além de melhor preservado em ambientes frios, o que não é o caso do Saara atual. Em 2019, pesquisadores haviam conseguido apenas os genes mitocondriais de humanos do Takarkori.

Com árvores, plantas, rios e lagos permanentes, o antigo Saara era habitado por comunidades humanas, incluindo 15 mulheres e crianças encontradas enterradas por arqueólogos em um abrigo rochoso em Takarkori.

Conforme os pesquisadores, as duas múmias estavam em bom estado, o que permitiu o sequenciamento de genomas inteiros. As análises revelaram que os habitantes do Saara Verde eram uma população isolada e desconhecida.

A hipótese é de que os habitantes da região tenham ido ao local durante o primeiro período de êxodo dos seres humanos da África, há mais de 50 mil anos. Segundo os pesquisadores, a população que habitava Takarkori tinha uma ancestralidade isolada, diferentemente de povos da Europa, que eram miscigenados.

O isolamento genético sugere que a região não era um corredor de migração que ligava a África Subsaariana até o norte do continente. Análises de pinturas rupestres e restos de animais encontrados sugerem que os habitantes da área eram pastores que cuidavam de gado, ovelhas e cabras.

Por conta do hábito de pastoreio, pesquisadores consideraram que os moradores de Takarkori poderiam ter migrado do Oriente Médio, mas o isolamento genético sugere que, na realidade, a prática da criação de animais foi desenvolvida por intercâmbio cultural com outros povos.