24/04/2019 - 8:28
Daqui a seis anos existirão no mundo apenas ricos e pobres. É o que afirmam vários analistas de tendências. Segundo eles, a retração gradual atualmente em curso da classe média levará, até 2025, à existência de apenas duas classes sociais, exatamente as localizadas nos extremos opostos do espectro social.
Uma das consequências disso deverá ser um aumento exponencial de vendas de produtos e bens de luxo por um lado, e de produtos de “discount” (bem baratos, com desconto), do outro. Não mais existirão as “meias estações” sociais. Em resumo, o velho alerta bíblico “Pois a quem tem, mais se lhe dará, e terá em abundância; mas, ao que quase não tem, até o que tem lhe será tirado”, mencionado no Evangelho de Mateus (25:29), está se realizando rapidamente.
Duvida? O número de milionários no mundo aumentará vertiginosamente até meados da próxima década, chegando a 46% do número atual, segundo os números do “Global Wealth Report” do Credit Suisse Research Institute. De acordo com os últimos dados estatísticos, em quase todo o mundo a classe média sofre um paulatino e constante encolhimento. Talvez isso aconteça porque – como escreveu o americano Napoleon Hill, um dos mais conhecidos escritores de autoajuda do mundo – “tanto a pobreza quanto a riqueza são resultado do pensamento”. Ambas são, no fundo, atitudes mentais, antes mesmo de serem situações econômicas.
Prevê-se que o segmento dos milionários aumentará 22% em cinco anos, passando dos 36 milhões de hoje para 44 milhões. O crescimento bastante retraído da riqueza global previsto para os próximos cinco anos deverá produzir como resultado uma diminuição geral do padrão de vida da população mundial da classe média para baixo.
Mas existem diferenças entre as regiões do planeta. O número de milionários nas economias dos países emergentes ainda está muito abaixo dos níveis encontrados nos Estados Unidos e na Europa. No entanto, ele deverá crescer consideravelmente ao redor de 2022.
Emergentes crescem
A China, atualmente com cerca de 2,7 milhões de milionários, poderá ver o seu número aumentar 41%, atingindo a terceira posição na classificação internacional desses endinheirados, atrás apenas dos EUA e do Japão, porém superando a Alemanha e o Reino Unido. A Índia poderá alcançar a cifra de 370 mil milionários ao redor de 2022, e um incremento de mais de 50% nos próximos cinco anos.
Além disso, estão previstos substanciais aumentos do número de milionários na Argentina (crescimento de 127%) e no Brasil (81%). Prevê-se também que o número de milionários em países com economias em fase de transição aumentará muito nos próximos cinco anos, atingindo 196 mil na Rússia, 74 mil na Polônia e 44 mil na República Checa.
Em entrevistas recentes, o italiano Alfio Bardolla, importante consultor financeiro e autor de diversos livros, entre os quais estão “O Dinheiro Traz Felicidade” e “First Class”, deu sua definição sobre o que é o efeito ampulheta: “Estamos muito habituados a ver o jardim dos vizinhos cada vez mais verde. Temos, na Itália, uma renda média de 87 mil euros (cerca de R$ 320 mil) por família. Mas já tivemos uma grande classe média em nosso país, com um sistema de bem-estar social mais bem distribuído e uma série de serviços quase gratuitos que não existem na maior parte do mundo”.
Bardolla acrescenta: “O planeta está mudando muito rapidamente. O modelo de produção do dinheiro que os nossos pais ou avós possuíam não existe mais. Essa velocidade da mudança está afetando a classe média, que antes ascendia de modo mais uniforme em direção à riqueza. Neste momento, quem já podia se considerar rico está se tornando ainda mais rico; na outra ponta, é bem verdade que a maioria dos demais membros da classe média está se tornando cada vez mais pobre”.
Inchaço embaixo
Os comentários do escritor italiano referem-se mais especificamente à sua terra, mas na verdade podem ser aplicados à maior parte dos países europeus e americanos, inclusive o Brasil. Em todo o mundo ocidental, a ampulheta da divisão das classes sociais e econômicas torna-se cada vez mais larga na parte de baixo. Ou seja, um estreitamento no plano da classe média, um inchaço no plano das classes mais pobres. Para esse cientista, a parte dessa ampulheta que mais chama a atenção é justamente aquela de baixo.
Qual é a postura correta para se chegar à independência financeira? Bardolla observa que para isso existem regras precisas. Compreender qual é a própria situação financeira, como funciona o dinheiro, como funciona o “cash flow” (fluxo de caixa). Não é importante o quanto se ganha, mas sim quanto dinheiro sobra no final do mês e o que você faz com essa sobra.
O modelo ideal da independência financeira é dividido em dois tipos, explica Bardolla. “O das entradas lineares, ou seja: dedico meu tempo a alguma atividade e ganho dinheiro com isso; e o das entradas automáticas: crio alguma coisa que continuará a gerar entradas de dinheiro”, afirma. “Uma clássica entrada automática é o aluguel, mas na era da internet existem hoje centenas de milhares de entradas automáticas.”
Perguntado sobre por que as pessoas se tornam ricas ou pobres, e se isso é apenas uma questão de talento, ele diz que não. Trata-se de uma estratégia específica, uma habilidade adquirida, suor e fadiga, estudo e metodologia.
Capacidade de gestão
Bardolla considera que qualquer pessoa pode se tornar rica. “Acredito que somos todos iguais, mas a única coisa que muda é o software que existe dentro da nossa cabeça”, afirma. “É claro que se nasci em Milão, no seio de uma família rica, terei mais facilidades do que alguém que nasceu no campo, filho de uma família pobre. No entanto, quanto mais o tempo passa, mais essas diferenças diminuem porque a responsabilidade de gerir o próprio tempo e as próprias energias pertence à própria pessoa.
Todos dispomos de 24 horas ao dia. Por que eu me torno rico e o outro permanece pobre? Porque eu, nas 24 horas do meu dia, faço coisas diversas em relação às 24 horas das outras pessoas. Minha capacidade de gerir o medo, o risco, a avidez, a coragem para fazer escolhas que às vezes são muito difíceis, tudo isso faz a diferença. Mas essas são capacidades que podem ser conquistadas e desenvolvidas por todos.”
O escritor italiano afirma ainda que a habilidade para se tornar rico depende também do caráter pessoal. Mas ressalta que o caráter pode ser formado e pode mudar, crescer e aprender. Nesse sentido, os mais favorecidos são os que não têm medo de errar nem de partir novamente do zero.
“O problema não é o dinheiro”, observa ele. A riqueza está na cabeça, e não no dinheiro. Hoje, a primeira coisa que eu faria se tivesse pouco dinheiro seria aprender tudo que existe a respeito do mercado digital. Tudo aquilo que tem a ver com o marketing da internet digital, com a comunicação. Neste momento, essas são as profissões mais bem pagas. Um programador blockchain ganha 250 mil euros ao ano, e é difícil encontrar um deles. Existem mil coisas que podem ser feitas com mil euros. A começar pelo marketing digital. Ele é rápido, facilmente acessível e me permite aprender um ofício que me trará rendas automáticas.”