08/12/2025 - 12:18
Há 4.500 anos, civilização cavou um círculo monumental de fossas profundas em Durrington Walls. Obra provavelmente servia de guia para rituais, tornando Stonehenge ainda mais enigmático.Há 4.500 anos, os habitantes da região de Durrington Walls, no sul da Inglaterra, esculpiram um círculo de fossos profundos e largos no solo – dispostos geometricamente com um diâmetro de aproximadamente dois quilômetros, abrangendo uma área de mais de três quilômetros quadrados.
O que por muito tempo pareceu ser uma paisagem natural agora se revela como um projeto monumental: um anel artificial de fossos que redefine o cosmos de Stonehenge.
Anel invisível
Durrington Walls está localizado perto da pequena cidade inglesa de Amesbury e a cerca de três quilômetros do mundialmente famoso Stonehenge, aproximadamente meia hora de caminhada. Os mais de 20 fossos têm até dez metros de largura e mais de cinco metros de profundidade.
De acordo com um novo estudo, pelo menos 16 dos 20 fossos encontrados formam um enorme círculo regular ao redor do henge de Durrington Walls. Um henge é uma estrutura pré-histórica de terra que abrange uma área circular ou oval cercada por uma muralha de terra com um fosso interno.
Servia como local de assembleia cultual ou ritual. No centro de Durrington Walls, outrora existia uma estrutura circular feita de estacas de madeira fincadas profundamente no solo, rodeada por um povoado.
As fossas foram descobertas há cinco anos, mas o estudo atual fornece mais detalhes sobre o local. Usando o método OSL, as covas foram datadas em 2480 a.C.
Este método relativamente preciso de luminescência opticamente estimulada determina a idade de uma camada de sedimento pelo “sinal luminoso” armazenado em grãos de quartzo ou feldspato, que é mensurável como radioatividade natural. A intensidade desse sinal permite que os pesquisadores calculem quando o sedimento foi exposto à luz do dia pela última vez – ou seja, aproximadamente quando este foi coberto. O método fornece um ano preciso, mas a incerteza varia entre 5% e 10% e depende muito da qualidade da amostra.
O estudo também mostrou que a estrutura circular não é um conjunto de achados que cresceram organicamente ao longo dos séculos, mas sim um projeto de grande escala deliberadamente planejado. As fossas estavam inseridas em uma paisagem cultural ativamente utilizada, onde plantas, animais e pessoas estavam intimamente interligados.
Mapeamento preciso
Nenhuma das estruturas examinadas pode ser explicada como erosão natural; seu formato e preenchimento indicam claramente estruturas feitas pelo homem. O círculo é uniformemente desenhado, o espaçamento das fossas é regular e seus diâmetros e intervalos seguem um padrão claro.
Isso sugere que as pessoas mediam distâncias, contavam passos ou unidades de medida e trabalhavam com um plano preestabelecido antes mesmo de começarem a cavar. Um conjunto de buracos torna-se, portanto, evidência de que números, medidas e planejamento faziam parte de seu cotidiano há muito tempo.
De acordo com os autores do estudo, essa estrutura matemática parece ter sido diretamente ligada à compreensão que se tinha do mundo na época. Cada cova marca simultaneamente um ponto preciso no círculo e um local simbolicamente “aprofundado”, uma espécie de submundo onde animais, oferendas e objetos de culto podiam ser depositados.
Os arqueólogos interpretam o círculo de fossos como uma “fronteira sagrada” que demarcava a área ao redor de Durrington Walls e Stonehenge e guiava deslocamentos. Hoje, quem observa a planície não encontra nenhum vestígio disso.
Rede europeia
Durrington Walls e Stonehenge não são sítios isolados, mas sim parte de uma densa rede de sítios de culto do Neolítico Final no sul da Inglaterra – desde os círculos de pedra e fossos da planície de Salisbury até outras estruturas de henge com fossos e poços.
E muito mais: inúmeras descobertas demonstram que, no final do 3º milênio a.C. (c. 2.700–2.200 a.C.), havia um intenso intercâmbio entre os povos do sul da Inglaterra, norte da Europa, centro da Alemanha e Península Ibérica.
Em particular, a chamada Cultura do Vaso Campaniforme, assim denominada por seus característicos vasos de cerâmica em forma de sino, estabeleceu uma rede suprarregional de comércio e contatos, explica a arqueóloga Franziska Knoll, do Escritório Estadual de Gestão do Patrimônio e Arqueologia da Saxônia-Anhalt.
Knoll está pesquisando o santuário circular de Pömmelte, ao sul de Magdeburgo, perto do rio Elba, conhecido como o “Stonehenge alemão”. Ideias arquitetônicas semelhantes às encontradas nos Durrington Walls também existiam na Alemanha Central.
Embora os fossos ao redor das paliçadas em Pömmelte não sejam tão profundos e largos, medindo apenas cerca de dois metros de profundidade, ossos de gado, cerâmica, machados de pedra e outros objetos já foram descobertos no local, o que comprova que foram depositados intencionalmente.
Por razões orçamentárias, as valas em Durrington Walls não serão escavadas inicialmente. No entanto, Knoll espera que escavações sejam realizadas em breve para determinar o que se encontra em seu interior. Isso também permitiria uma determinação mais precisa de quando exatamente elas foram construídas.