23/12/2025 - 16:01
A ciência frequentemente busca desvendar os limites da longevidade, mas, em 2006, um erro de cálculo resultou no fim da vida do animal individual mais velho já registrado. O molusco conhecido como Ming, da espécie Arctica islandica, nasceu em 1499 — época em que a Dinastia Ming governava a China e o Brasil sequer havia sido colonizado por portugueses. O animal viveu por 507 anos até ser morto acidentalmente por pesquisadores.
O erro fatal: durante uma expedição na costa da Islândia, cientistas da Universidade de Bangor coletaram o espécime e, para determinar sua idade exata, abriram sua concha, o que causou sua morte imediata.
Longevidade subestimada: inicialmente, acreditava-se que Ming tinha 405 anos. Apenas estudos posteriores e mais precisos revelaram que o animal era 102 anos mais velho do que se pensava.
Cápsula do tempo: a espécie é conhecida por sua resistência e metabolismo lento, funcionando como um registro histórico das variações climáticas e oceânicas ao longo dos séculos.
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Testemunha da história global
Ming não era apenas um molusco; era uma testemunha biológica de cinco séculos de história humana. Enquanto o animal crescia nas profundezas geladas do Atlântico Norte, o mundo passava pelo Renascimento, pela Revolução Industrial e por duas Guerras Mundiais. A espécie Arctica islandica possui uma característica única: assim como as árvores, as conchas desses moluscos apresentam anéis de crescimento anuais que permitem uma datação precisa.
O incidente gerou debates éticos na comunidade acadêmica sobre os métodos de coleta e análise de espécimes extremamente longevos. Os pesquisadores envolvidos lamentaram a perda, mas destacaram que a análise química da concha de Ming forneceu dados valiosos sobre as mudanças na temperatura do oceano desde o século XV.
“A morte de Ming foi uma tragédia científica, mas os dados extraídos de sua longa vida ajudam a entender como o clima da Terra mudou nos últimos 500 anos.”
Nota dos pesquisadores da Universidade de Bangor
Lições de biologia marinha
A morte acidental de Ming serve como um lembrete da fragilidade de espécies que, apesar de parecerem imortais diante dos padrões humanos, são vulneráveis à intervenção externa. Atualmente, outros espécimes da mesma espécie continuam sendo monitorados, desta vez com protocolos que visam evitar a repetição do erro de 2006.
Para a ciência, Ming permanece como o recordista oficial do Guinness World Records para o “animal não colonial mais velho de todos os tempos”, superando em muito as baleias-da-groenlândia e as tartarugas-gigantes de Galápagos.
