14/11/2024 - 13:59
Uma pesquisa publicada na Nature Astronomy, apresenta novas revelações sobre o penúltimo planeta no sistema solar, Urano – com tom azul-esverdeado, sua estrutura é grande o suficiente para acomodar 63 Terras.
Em 1781, o astrônomo britânico William Herschel fez Urano ser o primeiro planeta descoberto, com o auxílio de um telescópio. Anos depois, em 1986, a nave espacial robótica Voyager 2 da Nasa realizou um voo de cinco dias, revelando a maioria dos detalhes que sabemos do gigante do sistema solar. Uma das características mais intrigantes desta descoberta é o campo magnético que o envolve – descentralizado e desequilibrado, padrão que difere de outros planetas, sua diferenciação fez os cientistas ficarem ainda mais interessados pelo gigante flutuante.
Contudo, a informação do campo magnético começou a causar debates no mundo científico já que Jamie Jasinski, físico de plasma espacial do Laboratório de Propulsão a Jato da NASA no Instituto de Tecnologia da Califórnia, e sua equipe informaram que há alta probabilidade do sobrevoo da Voyager 2 – o primeiro a descobrir informações sobre o campo magnético – ter presenciado uma situação incomum de instabilidade, e que o campo não seja necessariamente sempre assim.
O estudo de Jasinski indica que o primeiro experimento tenha sido feito durante uma janela em que ele estava sendo influenciado por uma atividade solar. “Comecei a analisar os dados do vento solar em Urano e, quando vi que a Voyager 2 mediu um aumento drástico na pressão dinâmica do vento pouco antes do sobrevoo, percebi que a magnetosfera deve ter sido comprimida para 20% de seu volume pouco antes do sobrevoo, o que teria afetado as descobertas que fizemos com a Voyager 2”, disse o físico para a ScienceAlert.
É importante notar que as descobertas feitas pelo primeiro sobrevoo não devem ser desmerecidas, já que elas foram necessárias para o entendimento base que possuímos sobre o planeta – os pesquisadores reforçam que há uma barreira em analisá-lo já que seu comportamento é totalmente diferente da Terra e sua distância dificulta a rapidez das informações.
O primeiro achado demonstrou que a magnetosfera uraniana possui cinturões de radiação intensos e muito menos plasma do que o esperado. Esse questionamento fez o time reavaliar os dados no Voyager 2 e na semana anterior a sua estadia fora de órbita – a análise permitiu que eles percebessem que a pressão dinâmica do vento solar havia aumentado significativamente pouco antes da expedição acontecer.
A revelação significa que os fluxos de partículas os quais saem do Sol aumentaram exatamente na época, estabelecendo um ambiente ao redor do planeta que está presente menos de 5% do tempo. “Sabíamos que isso significava que o sobrevoo da Voyager 2 ocorreu em circunstâncias muito especiais. A magnetosfera teria sido comprimida para cerca de 20 por cento de seu volume original naqueles poucos dias antes de entrarmos na magnetosfera, e isso teria aumentado a atividade e a dinâmica”, contou Jasinski.
A equipe também completou dizendo que depois da investigação, as medições começaram a fazer sentido, mas sua condição anormal continuou a despertar o interesse dos especialistas. O artigo chega a conclusão que se os ventos solares estivessem em sua taxa normal, o campo magnético de Urano se pareceria mais com os de outros planetas gigantes gasosos. A descoberta também traz muitas complicações consigo, os cientistas começaram a questionar e criar novas hipóteses sobre todos os detalhes de Urano – uma delas envolve seu interior, teoricamente o local em que o campo magnético é gerado pode ser único no Sistema Solar.
Os cientistas ressaltam que um simples sobrevoo não consegue desvendar todas as características de uma área tão expansiva, por isso muitos têm pressionado as agências espaciais para que elas promovam uma missão para estudar Urano e seu vizinho, Netuno. “Isso só mostra o quão dinâmico esse sistema realmente é. Esse é um planeta tão misterioso. Nós realmente precisamos voltar lá e explorá-lo mais”, comentou Jasinski ao ScienceAlert.