Quão longe você iria para aliviar uma coceira nas costas? Mesmo com o perigo de serem comidos, os peixes optam por se esfregar contra os tubarões, potencialmente porque a pele do tubarão oferece uma textura ideal para se livrar de parasitas externos.

Em um estudo publicado na revista científica PLOS One, os pesquisadores descobriram que alguns peixes se atrevem a se esfregar contra tubarões depois de implantar câmeras subaquáticas flutuantes e com iscas em 36 regiões diferentes dos oceanos Pacífico, Índico e Atlântico, cada uma das quais gravou de 2 a 3 horas de filmagem.

“A pele de tubarão é realmente suave em uma direção e como uma lixa na outra”, explicou Chris Thompson, da Universidade da Austrália Ocidental, ao New Scientist. Ao raspar contra uma superfície áspera, como a pele dos tubarões, os peixes podem desalojar parasitas dolorosos que se agarram à cabeça, olhos e guelras.

Durante mais de 6 mil implantações das câmeras, a equipe documentou 117 mil animais individuais de 261 espécies diferentes. Embora o objetivo inicial fosse observar interações mais generalizadas entre peixes e tubarões em águas abertas, as imagens da equipe revelaram peixes se esfregando contra membros de sua própria espécie ou tubarões um total de 106 vezes.

As milhares de horas de filmagem revelaram que 44% de todos os casos de “raspagem” foram feitos pelo atum albacora (Thunnus albacares). Entre os tubarões, os tubarões-azuis (Prionace glauca) eram mais propensos a serem os alvos de coceira por peixes, sendo escolhidos 58% das vezes.

Quando os tubarões eram alvos de raspagem, os peixes geralmente raspavam contra a metade traseira do tubarão, muitas vezes ao longo da cauda. Os tubarões raspados pareciam não se incomodar com a atividade. “Fiquei surpreso com a indiferença dos tubarões”, revelou Thompson.

Em 17% de todos os eventos de raspagem, os peixes se esfregaram em membros de sua própria espécie. Peixes menores, como o atum-gaiado (Katsuwonus pelamis), eram menos propensos a usar tubarões como pedra-pomes pessoais, o que os pesquisadores observam que pode ser porque os peixes pequenos têm maior risco de serem comidos durante o breve encontro.