Bolsonaristas questionam a decisão de prender o ex-presidente para “garantia da ordem pública” e apontam que sua saúde é frágil. Petistas dizem que país vive “momento histórico”.Apoiadores de Jair Bolsonaro foram às redes sociais para criticar a decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) de prender o ex-presidente preventivamente neste sábado (22/11) e conduzi-lo à Superintendência da Polícia Federal, em Brasília.

Bolsonaristas acreditam que o estado de saúde do ex-presidente é frágil, e que os motivos apresentados pela Corte não justificam a detenção em regime fechado. Petistas, por outro lado, chamaram a prisão de “momento histórico”.

O magistrado entendeu que havia risco de fuga e ameaça à ordem pública após o senador Flávio Bolsonaro ter convocado uma vigília de orações em frente frente ao condomínio onde mora o ex-presidente, o que poderia dificultar uma eventual prisão nos próximos dias.

“Preso por uma oração”

“Jair Bolsonaro preso por causa de uma oração. Uma das maiores aberrações já vistas no Brasil, um ataque direto à liberdade”, disse o senador Marcos do Val (Podemos-ES) no X.

Líder do PL, partido de Bolsonaro, na Câmara, o deputado Sóstenes Cavalcante (RJ) afirmou que a prisão de Bolsonaro é “a maior perseguição política da história do Brasil”.

A mulher do ex-presidente Michelle Bolsonaro, que estava no Ceará no momento em que a prisão foi executada por agentes da PF, divulgou um texto em que disse confiar na justiça de Deus. “Sei que o Senhor dará o Escape, assim como fez em 2018, quando meu marido foi vítima de uma facada, planejada para matá-lo, por um ex-militante político. A sua saúde traz sequelas até hoje por causa desse episódio”, escreveu.

Prisão humanitária descartada

O senador Sergio Moro (União-PR), também citou as sequelas decorrentes da facada sofrida por Bolsonaro. “O histórico de cirurgias e crises é conhecido por todos. Não há motivos para tirá-lo da prisão domiciliar. A outros, como o ex-presidente [Fernando] Collor, com problemas de saúde bem menores, foi garantido esse tratamento”, defendeu.

Este era o argumento da defesa de Bolsonaro, que pediu ao STF para conceder ao ex-presidente a prisão domiciliar por motivos “humanitários”, ou seja, por questões de saúde, nos mesmos moldes aplicados a Collor. Contudo, Moraes considerou o pedido prejudicado devido à condução preventiva à sede da PF.

Governadores de direita repetiram o argumento de que o cumprimento da pena fora de casa será prejudicial à saúde do ex-presidente.

“Tirar um homem de 70 anos da sua casa, desconsiderando seu grave estado de saúde e ignorando todos os apelos provenientes das mais diversas fontes, todos os laudos médicos e evidências, além de irresponsável, atenta contra o princípio da dignidade humana. Bolsonaro é inocente e o tempo mostrará”, publicou Tarcísio de Freitas (Republicanos), governador de São Paulo.

O governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), acusou a decisão de ser “arbitrária e vergonhosa”. “Silenciar opositor não é Justiça, é abuso de poder”, disse.

O senador Flávio Bolsonaro, cuja convocação à vigília foi tomada como gatilho para Moraes decretar a prisão preventiva não se manifestou até o momento.

“País vive momento histórico”

Já parlamentares governistas comemoraram a decisão. O líder do governo na Câmara dos Deputados, José Guimarães (CE), enfatizou que a decisão foi tomada com base na garantia da ordem pública. “O país vive um momento histórico. Quem atacou a democracia vai pagar por isso!”, escreveu no X.

O deputado federal Lindbergh Farias (PT-RJ), líder do PT na Câmara, afirmou que a vigília convocada por Flávio Bolsonaro “transformou o processo criminal em ato político”. “A mobilização buscava criar clima de intimidação ao STF e à PF, reforçando o risco de desestabilização institucional e de interferência no andamento do processo, com a realização de aglomerações para impedir a prisão definitiva, inclusive com armas de fogo, além de indicar possível intenção de fuga”, escreveu.

gq (OTS)