06/12/2024 - 15:33
Um animal não identificado, observado pelos cientistas desde os anos 2000, ganhou uma nova família e classificação no último mês – anteriormente, ele tinha sido nomeado “molusco misterioso”, já que os cientistas não possuíam evidências suficientes para distinguir o que o bicho marinho era.
Uma equipe de cientistas do Monterey Bay Aquarium Research Institute (MBARI), na Califórnia, EUA, revisou todas as filmagens anteriores de moluscos misteriosos e usou veículos operados remotamente, os ROVs, para observar o animal e coletar algumas amostras.
As descobertas indicaram que o molusco é um nudibrânquio e é a primeira espécie do animal encontrada em grandes profundidades do oceano, podendo viver de 1.000 a 4.000 metros na zona batipelágica. Segundo os pesquisadores, ele se move como uma planta carnívora e é bioluminescente. Seus genes são tão diferentes que ele foi classificado como o primeiro membro de uma nova família filogenética.
“Anatomia, dieta, comportamento, bioluminescência e habitat distinguem este surpreendente nudibrânquio de todas as espécies descritas anteriormente, e evidências genéticas apoiam sua colocação em uma nova família”, explicou a equipe do MBARI no estudo publicado na Deep Sea Research.
Os nudibrânquios pertencem aos gastrópodes, um grupo de animais que rastejam por meio de membros localizados abaixo de suas entranhas – a classe inclui caracóis e lesmas terrestres e aquáticas. Apesar de integrar a divisão, os animais aparentam se mover como uma água-viva – eles se movem usando um capuz oral que abre e fecha para se impulsionar para trás através da água. O capuz do B. caudactylus também pode funcionar como uma armadilha de Vênus, capturando pequenos crustáceos.
O novo nudibrânquio possui uma maneira única de se proteger. Algumas projeções em sua cauda, conhecidas como dáctilos, podem se soltar como arma contra os predadores. O mecanismo se assemelha ao que os lagartos possuem, além de se regenerar constantemente – os especialistas acreditam que eles utilizam o espinho como isca e em seguida fogem do ataque.
O corpo do B. caudactylus é gelatinoso e transparente, com um coração liso, uma glândula digestiva texturizada e seu cérebro é esbranquiçado e facilmente visto de fora. Além disso, ele possui dois órgãos quimiossensoriais semelhantes em sua cabeça e um pé cilíndrico que ajuda na locomoção no fundo do oceano. Assim como muitos outros organismos bioluminescentes, ele brilha em azul, já que a luz vermelha não transmite muito nas profundezas que ele habita.
Os pesquisadores reforçam no artigo que descobertas desse nível continuarão acontecendo, já que o oceano profundo se assemelha a um ambiente alienígena – muitas regiões são completamente inexploradas ou não bem compreendidas pelos especialistas.