Após atropelamentos em massa contra dos mercados natalinos nos últimos anos, prefeituras alemãs reforçam medidas de proteção, como câmeras e barreiras contra veículos – e comerciantes vêm arcando com parte dos custos.As últimas barreiras estão sendo instaladas na feira de Natal de Bonn. Blocos de concreto agora isolam as ruas que levam à praça central da cidade no oeste da Alemanha, onde os visitantes já desfrutam de vinho quente e corações de gengibre.

A gerente do mercado, Kathrin Krumbach, caminha pela multidão, verificando as medidas de segurança pelas quais também é responsável. Enquanto conversa com a reportagem da DW, ela aponta para um tapete de borracha que cobre os cabos elétricos que atravessam o caminho.

“Você pode nem perceber, mas isso também faz parte do conceito de segurança”, diz ela, acrescentando que o tapete serve para suavizar a irregularidade do piso, evitando tropeços, e que cadeirantes possam “sair rapidamente, sem obstáculos, em caso de emergência”.

Após uma série de ataques ocorridos em feiras de Natal ou zonas de pedestres nos últimos anos – incluindo atropelamentos em massa em Magdeburg, em 2024, Trier, em 2020, e Berlim, em 2016, que deixaram 25 mortos – autoridades municipais se viram obrigadas a reforçar as medidas de segurança nas mais de 3 mil feiras desse tipo na Alemanha.

De acordo com a associação comercial DSBEV, que representa os interesses de cerca de 5.600 empresas de feiras e mercados, em sua maioria familiares, na Alemanha, esses mercados atraem cerca de 170 milhões de visitantes por ano e geram uma receita anual de “várias centenas de milhões de euros”.

O plano de segurança de Kathrin Krumbach para o mercado de Natal de Bonn tem “dezenas de páginas”, segundo ela, e foi concebido para contemplar “todos os cenários possíveis”.

Além dos blocos de concreto que impedirão que caminhões atropelem os visitantes, as medidas menos visíveis de Krumbach incluem o treinamento de uma equipe para emergências, a coordenação com o corpo de bombeiros local e o planejamento para outras situações de risco, como um corte de energia. “Grande parte do trabalho de segurança acontece fora da vista de todos”, afirma ela.

Mais segurança é “bom para os negócios”

Till Berners é vendedor de velas aromáticas e decorações no mercado de Natal de Bonn. Ele acredita que as medidas de segurança reforçadas são, na verdade, boas para o seu negócio.

“Se as pessoas se sentirem seguras, mais delas virão. E ninguém precisa se preocupar”, diz, enquanto gira um enfeite artesanal em exposição para que reflita melhor a luz. “A resposta dos clientes é ótima, e acho que vamos vender bastante.”

Swathi, uma visitante da Índia que está visitando um mercado de Natal alemão pela primeira vez, está perto da barraca de Till Berner. Ela diz que planeja gastar cerca de 25 euros (UR$ 155) no mercado esta noite. A quantia é aproximadamente a que os visitantes gastam em média por dia em feiras como essa. Comida, presentes e vinho quente estão na sua lista de desejos.

Passeando entre as fileiras de barracas com suas luzes piscantes e sinos tilintando, ela acha o lugar “adorável”, mas acrescenta: “Embora eu esperasse ver mais policiais… mas, tenho certeza de que eles estão preparados.”

Quem vai arcar com os custos adicionais?

No mercado de Bonn, a polícia mantém uma presença ostensiva, patrulhando as calçadas uniformizada e operando um posto de segurança em conjunto com as autoridades municipais.

Além disso, a prefeitura de Bonn contratou uma empresa de segurança privada e instalou câmeras de vigilância para que os visitantes se sintam seguros – medidas que tiveram um custo elevado.

Embora os gastos totais de segurança para o mercado de Natal de Bonn não tenham sido divulgados, a cidade de Bremen, no norte da Alemanha, por exemplo, relatou gastos com segurança em seu mercado de 3 milhões de euros este ano, incluindo custos elevados com postes de proteção e barreiras para veículos.

Albert Ritter, presidente da DSBEV, afirma que algumas autoridades municipais “prefeririam cobrar dos organizadores” pelos custos de segurança. “Mas os custos não podem ser repassados ​​aos pequenos vendedores de feiras”, diz. “A segurança pública tem que continuar sendo financiada com recursos públicos”, acrescenta.

Ritter também fez questão de dissipar os temores de que as feiras de Natal seriam canceladas em massa devido ao aumento dos custos de segurança. Rumores sobre isso se espalharam rapidamente na internet alemã.

Embora algumas feiras tenham reduzido seu tamanho para se adequar às medidas de segurança, não houve fechamentos generalizados. “Infelizmente, muitas coisas estão sendo usadas indevidamente para fins políticos nas redes sociais”, lamenta Ritter.