06/10/2024 - 21:12
Quinze capitais terão segundo turno. Prefeitos do Rio de Janeiro e do Recife são reeleitos com folga. Em Curitiba, jornalista de ultradireita surpreende e passa para o segundo turno.Eleitores de 5.569 cidades do Brasil foram às urnas neste domingo (06/10) para eleger seus prefeitos e vereadores. Entre as 26 capitais do Brasil, 11 prefeitos foram eleitos ou reeleitos já no primeiro turno. Outras 15 capitais vão ser palco de uma nova rodada em 27 de outubro.
Confira destaques do primeiro turno.
Em São Paulo, prefeito Nunes irá disputar nova rodada com Boulos após disputa acirrada
Em uma disputa embolada voto a voto, o atual prefeito Ricardo Nunes (MDB) e o deputado Guilherme Boulos (PSOL) passaram para o segundo turno, superando por apenas alguns milhares de votos o “coach” e agitador antissistema Pablo Marçal (PRTB).
A definição sobre quais seriam os candidatos que passariam para o segundo turno só ocorreu quando 99,5% das urnas haviam sido apuradas. Na contagem final, Nunes conseguiu 29,4% dos votos; Boulos, 29%.
Marçal terminou em terceiro, com 28,1%. O coach, um novato em disputas políticas, roubou o protagonismo durante boa parte da campanha lançando factoides e ofensas pessoas contra os rivais ao longo da campanha. Na reta final, Marçal chegou até mesmo a divulgar um laudo forjado contra Boulos para associá-lo falsamente ao consumo de drogas. Ainda na campanha, uma “cadeirada” que o “coach” levou num debate do adversário Datena (PSDB) chegou a ganhar destaque (negativo) na imprensa internacional.
Marçal também tumultuou a estratégia dos grupos políticos envolvidos na disputa paulistana. Apesar de ter crescido entre setores da ultradireita, ele não era apoiado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro, que escolheu se associar com Nunes. Nos últimos dias, as campanhas de Nunes e Boulos chegaram a entrar em modo de alerta diante do crescimento do “coach” nas pesquisas.
Apesar do “fenômeno Marçal”, a disputa no segundo turno vai acabar mesmo sendo a esperada inicialmente pelas campanhas de Nunes e Boulos e também deverá ter um elemento nacional, com um enfrentamento entre um candidato apoiado por Jair Bolsonaro (Nunes) e por Lula (Boulos).
Jornalista de ultradireita surpreende em Curitiba e irá disputar 2° turno com vice-prefeito
Curitiba, a maior cidade do Sul do Brasil, foi palco de um fenômeno similar ao de Pablo Marçal na reta final da campanha, quando uma candidata de ultradireita, que não contava com o apoio de Bolsonaro, disparou nas pesquisas. A jornalista Cristina Graeml (PMB), que se autointitula “única candidata conservadora” na disputa, garantiu a passagem ao segundo turno ao terminar em segundo lugar neste domingo, com 33,5% dos votos, levemente atrás do atual vice-prefeito, Eduardo Pimentel (PSD), que conquistou 31,1% dos votos.
Com uma campanha concentrada nas redes sociais e repleta de ataques contra a esquerda, Graeml, que antes da campanha era colunista do jornal conservador Gazeta do Povo, chegou a obter o apoio do “coach” Pablo Marçal. “Essa mulher guerreira está passando a mesma coisa que estou passando em São Paulo”, disse Marçal num vídeo distribuído pela campanha de Graeml.
Em comum, os dois ultradireitistas não contaram com o endosso oficial de Jair Bolsonaro para suas candidaturas. Em Curitiba, Bolsonaro e o PL se aglutinaram em torno de Pimentel, membro de uma dinastia política e empresarial do Paraná e neto do ex-governador Paulo Pimentel.
Já o candidato apoiado pelo presidente Lula, o ex-prefeito Luciano Ducci (PSB), ficou em terceiro lugar neste domingo, com 19,4% dos votos. O candidato apoiado pelo senador Sergio Moro, Ney Leprevost (União), que teve como vice a esposa do ex-juiz, Rosângela, amargou o quarto lugar com 6,49%.
Ex-membros do alto escalão de Bolsonaro: duas derrotas, uma passagem tímida para o 2° turno
Três nomes que compuseram o gabinete do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) decidiram disputar cargos nas eleições municipais deste ano. Os resultados, porém, não foram muito frutíferos para o grupo. Apenas um avançou para o segundo turno, mas sem liderança na contagem de votos.
No Rio de Janeiro, o delegado da Polícia Federal, Alexandre Ramagem (PL), que comandou a diretoria-geral da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) no governo Bolsonaro e é alvo de acusações de espionagem contra autoridades, adversários e jornalistas, ficou bem atrás na disputa para a prefeitura. Contando com apoio direto de Bolsonaro, Ramagem terminou a disputa com 30,8% dos votos, perdendo para o atual prefeito Eduardo Paes (PSD), que foi reeleito com 60,4% dos votos.
No Recife, Gilson Machado (PL), ex-ministro do Turismo de Bolsonaro, saiu-se ainda pior, conquistando apenas 13,9% dos votos, muito atrás de João Campos (PSB), que confortavelmente garantiu sua reeleição com 78,1% dos votos.
Único do grupo a passar para o segundo turno, o ex-ministro da Saúde de Bolsonaro durante a segunda fase da pandemia de Covid-19 Marcelo Queiroga (PL) fez sua estreia em disputas eleitorais se candidatando para a prefeitura de João Pessoa, a capital da Paraíba. Com 100% das urnas apuradas, ele ficou com 21,77% dos votos válidos, bem atrás do atual prefeito Cícero Lucena (PP), que busca a reeeleição e terminou a primeira rodada com 49,1% dos votos.
PT vai disputar segundo turno em quatro capitais, mas entra em desvantagem
O partido do presidente Luiz Inácio Lula da Silva não conseguiu eleger nenhum prefeito de capital no primeiro turno. Em compensação, o PT vai disputar o segundo turno em quatro capitais: Porto Alegre, Fortaleza, Natal e Cuiabá.
No entanto, todos os quatro candidatos petistas vão chegar em desvantagem, após terminarem o primeiro turno na segunda colocação em votos. Duas dessas disputas também vão envolver candidatos do PL do ex-presidente Jair Bolsonaro.
Em Fortaleza, o petista Evandro Leitão (34,3%) vai disputar com André Fernandes (40,2%), que é filiado ao PL.
Em Natal, a petista Natália Bonavides (28,4%) vai enfrentar Paulinho Freire (33%), do União Brasil. Em Cuiabá, o petista Lúdio (28,3%) terá como adversário Abilio (39,6%), outro candidato do PL. E, finalmente, em Porto Alegre, a deputada Maria do Rosário (26,2%), passou para o segundo turno com o atual prefeito, Sebastião Melo (49,7%), do MDB, que por pouco não se reelegeu no primeiro turno.
Família Bolsonaro: vitórias dos filhos, derrota do irmão
O vereador Carlos Bolsonaro (PL), o filho “02” do ex-presidente Jair Bolsonaro, foi reeleito vereador neste domingo no Rio de Janeiro. retomando o posto de mais votado entre os postulantes à Câmara Municipal do Rio de Janeiro.
Com 130.480 votos, ele foi o mais votado da cidade, com 73 mil votos a mais que o segundo colocado.
Outro filho do ex-presidente, Jair Renan Valle Bolsonaro (PL), de 26 anos, foi eleito vereador em Balneário Camboriú, em Santa Catarina, com o apoio de 3.033 eleitores – ele foi o mais votado na cidade durante sua estreia em eleições.
Já Renato Bolsonaro (PL), irmão do ex-presidente, não conseguiu se eleger como prefeito em Registro (SP), conquistando apenas 29,82% dos votos, atrás do ex-prefeito e ex-deputado federal Samuel Moreira (PSD), que obteve 55,73%.
Sem surpresas, prefeitos do Rio de Janeiro, Salvador e do Recife são reeleitos
No Rio de Janeiro, Eduardo Paes (PSD) venceu sem sobressaltos a disputa para a prefeitura, com 60,4% dos votos válidos. O delegado Alexandre Ramagem (PL), que era apoiado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro ficou em segundo lugar, com 31,8% dos votos válidos. Este pleito marcou a quarta vez em que Paes é eleito para a prefeitura do Rio de Janeiro. Durante toda a campanha eleitoral, pesquisas de intenção de voto mostravam Paes com liderança tranquila entre os candidatos.
No Recife, o atual prefeito João Campos (PSB) venceu a disputa para a prefeitura de Recife (PE), com 78,1% dos votos válidos. O ex-ministro bolsonarista Gilson Machado (PL ficou em segundo lugar, com 13,90% dos votos válidos. Membro de uma dinastia política de Pernambuco – é neto do ex-governador Miguel Arraes (1916-2005) e filho do ex-governador Eduardo Campos (1965-2014) -, Campos havia sido eleito prefeito da cidade em 2020 com apenas 27 anos, tornando-se na ocasião o mandatário mais jovem da história do Recife,
Em Salvador, o atual prefeito Bruno Reis, do partido União Brasil, confirmou seu favoritismo nas pesquisas e foi reeleito prefeito com 78,6% dos votos. Antes de ser eleito pela primeira vez em 2020, Reis havia sido vice do antecessor ACM Neto.
Em Porto Alegre, prefeito disputará segundo turno com petista
A eleição em Porto Alegre terá segundo turno entre o atual prefeito, Sebastião Melo (MDB), que conquistou 49,7% dos votos, e a deputada federal Maria do Rosário (PT), que obteve 26,2%. A campanha na capital gaúcha foi marcada por críticas de adversários de Melo sobre a gestão do prefeito durante as enchentes de maio. Em junho, na esteira do desastre, Melo chegou a amargar índices de reprovação que chegaram quase a 60%, mas o resultado do primeiro turno apontou que o atual mandatário conseguiu recuperar apoio na capital.
Eleitos no primeiro turno:
Rio de Janeiro: Eduardo Paes (PSD)
Salvador: Bruno Reis (União)
Boa Vista: Arthur Henrique (MDB)
Florianópolis: Topázio (PSD)
Macapá: Dr. Furlan (MDB)
Maceió: JHC (PL)
Recife: João Campos (PSB)
Rio Branco: Tião Bocalom (PL)
São Luís: Eduardo Braide (PSD)
Vitória: Lorenzo Pazolini (Republicanos)
Teresina: Silvio Mendes (União)
Capitais onde haverá segundo turno:
São Paulo: Ricardo Nunes (MDB) X
Belém: Igor (MDB), X Delegado Eder Mauro (PL)
Curitiba: Eduardo Pimentel (PSD) X Cristina Graeml (PMB)
João Pessoa: Cicero Lucena (PP) X Marcelo Queiroga
Aracaju: Emilia Correa (PL) X Luiz Roberto (PDT)
Campo Grande: Adriane Lopes (PP) X Rose Modesto (União)
Palmas: Janad Valcari (PL) X Eduardo Siqueira Campos (Podemos)
Porto Velho: Mariana Carvalho (União) X Léo (Podemos)
Natal: Paulinho Freire (União) X Natália Bonavides (PT)
Cuiabá: Abilio (PL) X Lúdio (PT)
Porto Alegre: Sebastião Melo (MDB) X Maria do Rosário (PT)
Goiânia: Fred Rodrigues (PL) X Mabel (União)
Manaus: David Almeida (Avante) X Capitão Alberto Neto (PL)
Fortaleza: André Fernandes (PL) X Evandro Leitão (PT)
Belo Horizonte: Bruno Engler (PL) X Fuad Noman (PSD)
jps (ots)