A extensão combinada de gelo marinho no Ártico e na Antártida foi a mais baixa já registrada para o mês de janeiro, de acordo com agências meteorológicas dos Estados Unidos e da União Europeia. Nos dois polos, as temperaturas acima da média histórica foram os principais fatores por trás dessa redução da cobertura média do gelo marinho.

A Organização Meteorológica Mundial (WMO) sintetizou dados recentes do Serviço Europeu Copernicus de Mudanças Climáticas e do Centro Nacional de Dados de Neve e Gelo (NSIDC) dos EUA. De acordo com a agência europeia, a extensão do gelo marinho na Antártida foi a menor já registrada em janeiro; por sua vez, a agência norte-americana destacou que a extensão de gelo marinho no Ártico foi a 3ª menor para o período no mês passado.

O gelo marinho no Ártico costuma atingir sua extensão máxima anual entre o final de fevereiro e começo de março, mesma época em que a Antártida atinge sua menor extensão anual de gelo marinho. Em janeiro de 2023, a extensão média do gelo marinho antártico foi de 3,23 milhões de km2, abaixo do recorde histórico de 2017, quando foram registrados 3,78 milhões de km2.

Círculo vicioso

O verão mais quente, combinado com ventos fortes e grandes ondas, ajudou a criar enormes áreas sem gelo no Mar de Weddell e na porção ocidental do Mar de Ross. Nessas regiões, os níveis de cobertura de gelo estão muito abaixo do normal.

“Durante o ano passado, a extensão do gelo marinho era geralmente baixa na Antártida, e isso está deixando sua marca, pois o novo gelo marinho que se forma durante o inverno se torna mais frágil e tem mais facilidade para se quebrar e derreter. Isso rapidamente se transforma em um círculo vicioso no qual o gelo marinho terá dificuldade em se recuperar, assim como vemos no Oceano Ártico”, explicou Gorm Dybkajer, pesquisador do Instituto Meteorológico Dinamarquês.

A situação da Antártida também foi assinalada por pesquisadores do Instituto Alfred Wegener e da Universidade de Bremen, na Alemanha. O monitoramento deles para o mês de janeiro indica para um recorde negativo na cobertura de gelo marinho.

“Em 8 de fevereiro de 2023, com 2,2 milhões de km2, a extensão do gelo marinho da Antártida já havia caído abaixo do mínimo recorde anterior de 2022 (2,27 milhões de km2 em 24 de fevereiro daquele ano). Como o derretimento do gelo marinho na Antártida provavelmente continuará na segunda metade deste mês, ainda não podemos dizer quando o recorde de baixa será atingido ou quanto mais gelo do mar derreterá até lá”, observou Christian Haas, chefe da seção de física do gelo marinho do Instituto Alfred Wegener.