13/12/2023 - 8:51
Novo governo da Argentina anuncia maxidesvalorização da moeda, redução de subsídios, suspensão de publicidade estatal e cancelamento de obras públicas. O novo governo da Argentina anunciou na terça-feira (12/12) um pacote de medidas ecônomicas drásticas que incluem uma desvalorização substancial da moeda do país.
O peso, enfraquecido em mais de 50%, passa a valer 800 por dólar, disse o novo ministro da Economia, Luis Caputo.
“Durante alguns meses, estaremos piores do que antes das medidas”, disse Caputo em pronunciamento televisivo, dois dias depois de o ultraliberal populista Javier Milei ter tomado posse como presidente da segunda maior economia da América do Sul.
As medidas chegam em um momento em que a taxa de inflação anual da Argentina chega a 143%, a moeda despenca e 40% dos argentinos vivem na pobreza.
Na cerimônia de posse, Milei prometeu uma nova era para o país, mas alertou sobre dolorosas e duras ações.
“A questão é que não temos alternativa à austeridade e ao tratamento de choque”, disse Milei no fim de semana.
Na terça-feira, o ministro da Economia também disse que haveria cortes nos generosos subsídios estatais aos combustíveis e aos transportes.
Segundo Caputo, os políticos há muito apoiam os subsídios para “enganar as pessoas, fazendo-as acreditar que estão colocando dinheiro nos bolsos. Mas, como todos os argentinos já devem ter percebido, esses subsídios não são gratuitos, mas são pagos com a inflação”.
O ministro ainda informou que a Argentina precisa lidar com um enorme déficit fiscal, que estima em 5,5% do PIB, acrescentando que o país teve um déficit fiscal durante 113 dos últimos 123 anos, o que causou a crise econômica.
“Estamos aqui para cortar o mal pela raiz”, disse Caputo. “Mas para isso, precisamos resolver o nosso vício em relação ao déficit fiscal.”
Cortes de gastos do Estado
Caputo também informou que toda a publicidade estatal será suspensa por um ano, acrescentando que, em 2023, custou 34 bilhões de pesos (92 milhões de dólares) aos cofres públicos.
Além disso, “o Estado não irá aprovar novas obras públicas e vai cancelar a contratação dos concursados aprovados, que ainda não tenham assumido o posto”.
“A realidade é que não temos dinheiro para pagar mais obras públicas que, como todos os argentinos sabem, muitas vezes acaba no bolso dos políticos ou empresários de plantão”, disse.
Outro passo a ser tomado será cancelar a renovação de contratos públicos com menos de um ano.
O Presidente Milei já cortou nove ministérios do governo, o que Caputo diz que significa um corte de 34% de todos os cargos políticos.
O Fundo Monetário Internacional (FMI) considerou as medidas “ousadas” e informou em comunicado que pretende “ajudar a estabilizar a economia e estabelecer as bases para um crescimento mais sustentável e liderado pelo setor privado”, após “sérios entraves políticos” dos meses anteriores.
“Considero as medidas bem-vindas”, disse a chefe do FMI, Kristalina Georgieva, qualificando-as como “um passo importante para restaurar a estabilidade e reconstruir o potencial econômico do país”.
(AFP, AP, Reuters)