Quando o rio baixa, arqueólogos saem em busca dos gigantes que viveram aqui na Amazônia. Esse ponto em Boca do Acre, no Amazonas, é um lugar novo de escavação para a ciência.

Ele guarda soterrado embaixo da floresta animais que estavam aqui há pelo menos 10 milhões de anos. São fósseis de espécies como o Purussaurus, o maior jacaré que já pisou no planeta, com mais de 10 metros.

E de preguiças gigantes que viveram aqui, nas margens do rio Purus, no sul do Amazonas, bem antes de os seres humanos chegarem.

“As rochas só ficam expostas durante alguns meses quando o rio baixa. Além da camada que a gente está interessado, é interessante a gente ter todo o contexto estratigráfico, todo o contexto das rochas que estão aqui acumuladas. Então, quanto mais seco, acaba sendo mais benéfico pra gente”, afirma Carlos D’Apólito, professor da Ufac.

Os cientistas carregam todo tipo de equipamento para remexer esses barrancos. “Numa escavação paleontológica, a ferramenta principal é o martelo de geólogo que a gente usa para escavar o barranco. Nós utilizamos depois facas, pincéis. E depois que a gente encontra o material, os ossos, nós utilizamos material de dentista”, diz Edson Guilherme, professor da Ufac.

E haja papel higiênico! Ele é usado para embalar os fósseis menores. “A gente embrulha eles em papel higiênico, enrola até manter bem firme. Depois a gente vem com a fita gomada para poder fechar o pacote e escrever o que a gente achou”, conta Camila Inara, mestranda da Ufam.

O que sai daqui vai ser analisado em laboratório e ajuda a entender como o passado de milhões de anos influencia até hoje a vida na Amazônia.