O cometa ZTF, apelidado “cometa verde” e que passa pela Terra a cada 50 mil anos, surpreende nesta imagem feita pelo astrônomo Óscar Martín tirada duas semanas antes de sua aproximação da Terra, em 19 de janeiro de 2023.

Se o espectador olhar com atenção, recomenda a Agência Espacial Europeia (ESA), verá que os cometas têm duas caudas – uma feita de gás ionizado e outra de poeira. À medida que um cometa se aproxima do Sistema Solar interno, a radiação solar faz com que os materiais voláteis dentro do cometa se vaporizem em gás e fluam para fora do núcleo – a “cabeça” do cometa –, levando consigo a poeira.

Na cauda de poeira, grandes grãos espalham a luz do Sol em todas as direções, algumas das quais são detectadas por câmeras e telescópios na Terra – como a Lua e os planetas.

Na cauda de íons, as moléculas são muito menores, mas brilham através de um processo chamado ‘fluorescência’: átomos ionizados e moléculas no gás são atingidos por fótons de luz que absorvem, tornando-se ‘excitados’. Eles então reemitem fótons espontaneamente em outro comprimento de onda, em uma cor diferente, dependendo da molécula.

O brilho verde do cometa ZTF revela os produtos químicos dominantes de que é composto. Crédito: Reprodução/Instagram/c.2022e3ztf/David Cruz

Direções um pouco diferentes

O brilho verde do cometa ZTF revela os produtos químicos predominantes que o compõem, com emissões dominantes de dicarbono nesta parte do espectro visível.

“As duas caudas apontam em direções ligeiramente diferentes porque as forças atuam sobre a poeira e os íons de maneiras diferentes. Enquanto as partículas maiores de poeira são empurradas pela pressão da luz solar, os íons são muito mais leves e carregados eletricamente, portanto são facilmente carregados pelo vento solar e seu campo magnético”, explicou Jorge Amaya, do Escritório de Meteorologia Espacial da ESA.

“Recentemente, ocorreu um fenômeno estranho com o cometa ZTF, pois ele parece ter uma terceira cauda. Isso é, na verdade, uma ilusão de ótica, devido ao nosso ponto de vista do rastro de poeira.”

Desde 1º de fevereiro, o cometa ZTF pode ser observado em todo o hemisfério sul, inclusive no Brasil. Ele deverá estar localizável no céu até o dia 10 deste mês.