Em um novo estudo publicado no jornal Science Advances, os cientistas descobriram o que pode ser uma cratera de impacto na costa da Guiné que, segundo eles, data de 66 milhões de anos atrás, na mesma época da colisão que destruiu os dinossauros.

Este segundo asteroide pode ter se separado do assassino de dinossauros, conhecido como Chicxulub, ou pode ter sido parte de um aglomerado de impacto próximo.

“Muitas pessoas questionaram: como o impacto de Chicxulub – embora enorme – pode ser tão globalmente destrutivo?”, refletiu Veronica Bray, cientista planetária da Universidade do Arizona e coautora do artigo, em conversa com Maya Wei-Haas, da National Geographic. “Pode ser que ele teve ajuda.”

Os pesquisadores descobriram o que chamaram de cratera Nadir em 2020, enquanto examinavam dados de pesquisas sísmicas. “Nós nos deparamos com um recurso altamente incomum”, escreveram Bray e os coautores Uisdean Nicholson e Sean Gulick para o The Conversation.

“Entre os sedimentos planos e em camadas do Planalto da Guiné, a oeste da África, estava o que parecia ser uma grande cratera, com pouco menos de 10 km de largura e várias centenas de metros de profundidade, enterrada abaixo de várias centenas de metros de sedimentos”, acrescentaram os pesquisadores.

Embora os cientistas não tenham confirmado que foi causado por um asteroide, as características de Nadir, incluindo sua escala, a proporção entre altura e largura e a altura da borda da cratera, são consistentes com a origem do impacto, segundo os autores no artigo do The Conversation. Além disso, os depósitos ao redor de Nadir parecem materiais ejetados de uma cratera após uma colisão.

A modelagem de computador mostrou que, para causar esse impacto, um asteroide provavelmente teria cerca de 40 quilômetros de diâmetro e atingiu um oceano com quase 800 metros de profundidade.

Em comparação, o asteroide Chicxulub provavelmente tinha cerca de 10 quilômetros de largura. Ainda assim, esse segundo impacto teria sido considerável.

Modelo da sequência de impacto na Cratera Nadir em quatro imagens (Foto: Science Advances)

“A energia liberada teria sido cerca de 1.000 vezes maior do que a da erupção e tsunami de janeiro de 2022 em Tonga”, disse Bray à BBC News. O impacto teria causado ondas de choque equivalentes a um terremoto de magnitude 6.5 ou 7, que teria desencadeado deslizamentos de terra submarinos e uma série de tsunamis, segundo os autores.

Para verificar se Nadir foi realmente formado por um ataque de asteroide, bem como encontrar uma data precisa para a colisão e determinar sua conexão com o asteroide Chicxulub, os cientistas precisarão perfurar a formação e coletar amostras.

A perfuração também pode dar aos cientistas pistas sobre como a vida na Terra respondeu ao impacto. “Parte do objetivo de perfuração do Nadir é analisar o sedimento que foi depositado no Nadir ao longo do tempo”, explicou Bray em conversa com Kiona Smith, da Inverse.