27/02/2025 - 16:06
Astrônomos conseguiram observar clarões de luz vindos do buraco negro supermassivo Sagittarius A, localizado no centro da Via Láctea – galáxia onde está a Terra – enquanto analisavam imagens captadas pela câmera infravermelha do JWST (Telescópio Espacial James Webb). Um estudo que relata as observações foi publicado no “Astronomical Journal Letters”, em 18 de fevereiro.
Os pesquisadores, liderados por Farhad Yusef-Zadeh, professor de Física e Astronomia no Weinberg College de Artes e Ciências da Universidade Northwestern, em Illinois (EUA), observaram o buraco negro por 48 horas ao longo de um ano, com incrementos de oito a dez horas, se tornando a análise mais longa e detalhada do Sagittarius A já feita. As informações são da “CNN Science”.
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De acordo com os astrônomos, os clarões de luz vinham da borda interna do disco de acreção, uma área constituída por uma grande quantidade de gás e poeira que espirala em torno do buraco negro, alcança velocidades extremamente elevadas, se aquece e emite luz e outras formas de radiação eletromagnética.
Para os pesquisadores os flashes de luz ilustram de que forma os buracos negros se comportam e “se alimentam”. “Nos nossos dados, víamos um brilho em constante mudança, e ‘de repente, boom’! Uma grande explosão de luminosidade aparecia. Depois, tudo se acalmava novamente”, apontou Yusef-Zadeh, acrescentando que não parecia haver um padrão entre os clarões.
Segundo o professor de Física e Astronomia, flashes são comuns nos buracos negros, mas o Sagittarius A é peculiar por estar sempre com uma atividade intensa e não atingir um estado estável. Para Yusef-Zadeh, a variabilidade no comportamento do corpo celeste é resultado da natureza aleatória de materiais capturados por ele.
A equipe de astrônomos observou que o buraco negro emitia cinco ou seis grandes flashes por dia, com pequenos clarões ocorrendo entre eles. A ideia dos pesquisadores é que as menores emissões de luz eram causadas por flutuações no disco de acreção que podem comprimir plasma e causar um pico de radiação.
Já os grandes clarões seriam resultados de eventos de reconexão magnética ou quando dois campos magnéticos diferentes colidem perto do buraco negro e liberam partículas de energia que se movem em uma velocidade parecida com a da luz.
Os autores do estudo pretendem analisar o buraco negro por 24 horas ininterruptas para terem certeza de que os flashes de luz vistos não são um aumento incomum da atividade do corpo celeste. Os astrônomos ainda não sabem quão rápido o Sagittarius A está girando enquanto engole matéria, mas observações mais longas poderão responder essa pergunta.