Uma pesquisa publicada na quarta-feira, 5, na Nature demonstra a observação de uma onda de rádio que é diferente das outras, possuindo o maior ciclo já visto, com cerca de 53 minutos de duração. Os cientistas da CSIRO (Organização de Pesquisa Científica e Industrial da Commonwealth – em tradução) não conseguiram determinar o que gerou tais sinais, mas acredita-se que tenham vindo de uma estrela de nêutrons.

A onda de rádio, denominada de ASKAP J1935+2148 – os números fazem referência a sua localização no céu – foi descoberta por um radiotelescópio localizado no interior da Austrália. As informações também foram publicadas no portal The Conversation.

Os sinais apresentam três diferentes modos de emissão, com pulsos polarizados que duram entre dez e 50 segundos, pulsos de menor intensidade com apenas 370 milissegundos e um outro que é silencioso.

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Sinais de rádio esporádicos são detectados por astrônomos e costumeiramente são oriundos de estrelas de nêutrons, devido a sua rotação que pode levar apenas alguns segundos e emite tais ondas.

Alguns sinais são detectados apenas uma vez e outros apresentam um padrão, mas nenhuma possui um tempo tão longo quanto a observada pelo radiotelescópio ASKAP. A onda intriga os pesquisadores, que não conseguiram determinar exatamente o que causa a manifestação.

Os diferentes modos em que a onda de rádio detectada se apresenta sugere que haja uma interação entre campos magnéticos e fluxos de plasma do emissor com outras estruturas do espaço, algo que já foi observado em outras estrelas de nêutrons. Entretanto, ainda não se conhece um astro similar que poderia ser capaz de gerar um período tão longo.

Uma das hipóteses mais plausíveis é de que o sinal é originado por uma estrela de nêutrons que possui um tempo de rotação maior do que o habitual. Outra possibilidade contemplada pelos pesquisadores é que as ondas são emitidas por uma anã branca, mas tais objetos não são encontrados nas proximidades.

Uma terceira forma de explicar a onda é a de que o emissor seja uma estrela de nêutrons ou anã branca que integra um sistema binário – composto por duas estrelas – com uma “estrela invisível”.

Qualquer das possibilidades sugere que a compreensão do funcionamento de estrelas de nêutrons e anãs brancas e de que forma elas emitem ondas de rádio deve ser reconsiderada.