02/07/2025 - 18:36
Cientistas parecem ter desvendado um fenômeno observado por astrônomos da dinastia Ming, anteriormente interpretado como presságio imperial. Agora, estudos apontam que ele seria, na verdade, uma “nova clássica”.
Tudo começou na noite de 30 de outubro de 1408, quando integrantes da dinastia Ming registraram o aparecimento uma “estrela” peculiar no céu. O brilho do objeto foi tão intenso que chegou a ficar visível por, ao menos, 10 dias. O avistamento ocorreu nas regiões que hoje correspondem às constelações Cygnus e Vulpecula.
Pelas características misteriosas do corpo celeste, o fenômeno foi interpretado como um bom presságio, ligado à figura do imperador. Um astrônomo da época, identificado como Hu Guang, escreveu um memorial ressaltando a “estrela da virtude” como símbolo de uma nova Era próspera. Segundo a descrição, o objeto seria “suave, brilhante e de cor amarela”.
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Mais de 600 anos depois, o também astrônomo Bonshun Yang e sua equipe revisitaram os antigos registros com uma perspectiva científica moderna. Com isso, o resultado indica que o evento pode ter sido uma “nova clássica” – ou seja, uma explosão causada pela interação entre uma anã branca e uma estrela. Esse processo gera um brilho súbito, o que explica a luminosidade do fenômeno.
Apesar de serem menos intensas do que as “supernovas”, as “novas” são visíveis a olho nu e podem, de fato, ser vistas por um grande período de tempo.
O mesmo estudo ainda associa um objeto estelar (CK Vul) achado na constelação de Vulpecula, ao evento. O CK Vul já havia sido categorizado como remanescente de uma erupção em 1670, mas, para Yang, é possível que o objeto tenha tido uma explosão anterior justamente em 1408.
“É uma das primeiras candidatas bem documentadas a nova, oferecendo uma rara janela para fenômenos estelares pré-telescópicos”, escreveram os autores.
As conexões ainda precisam ser confirmadas, mas o caso exemplifica como fenômenos, antes considerados míticos, podem mudar de interpretação conforme o tempo e os avanços tecnológicos.