Demorou quase dois anos, mas veio: foi avistado o segundo objeto interestelar em viagem pelo Sistema Solar. O astrônomo amador Gennady Borisov, morador da Crimeia (península do Mar Negro ocupada pela Rússia), observou o objeto pela primeira vez em 30 de agosto, através de seu próprio telescópio. Sua trajetória indicava que ele não estava gravitacionalmente ligado ao Sol – ou seja, vinha de fora do nosso sistema.

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Chamado inicialmente de gb00234, ele foi renomeado pelo Minor Planet Center do Harvard & Smithsonian Center for Astrophysics como C/2019 Q4 (Borisov), em homenagem ao seu descobridor. As observações de acompanhamento confirmaram que estava em uma “trajetória hiperbólica” que deveria fazer com que ela aumentasse e diminuísse de tamanho na passagem pelo Sistema Solar, sem indícios de retorno. Como o C/2019 parece ter uma cauda visível que se estende por cerca de 10 km, é mais provável que seja um cometa.

Imagem do C/2019 Q4 (Borisov) feita em 14 de setembro: início da passagem pelo Sistema Solar. Crédito: Gianluca Masi/The Virtual Telescope Project

Oumuamua, o primeiro visitante interestelar registrado, foi avistado pela primeira vez no fim de 2017. Essa rocha se tornou uma sensação viral depois que alguns cientistas começaram a especular se poderia realmente ser uma objeto extraterrestre de origem inteligente, devido à sua estrutura em forma de charuto e sua aceleração ao sair da parte interior do Sistema Solar interno. A hipótese já foi descartada.

Meio ano de observações

Quando foi avistado, Oumuamua já estava saindo do Sistema Solar e pôde ser estudado por apenas algumas semanas. O C/2019 ainda está entrando no nosso sistema, o que garante ao menos seis meses de observação. Como ele é cerca de seis vezes mais brilhante do que Oumuamua, seu estudo pode durar mais tempo ainda.

No momento da descoberta, o C/2019 estava a cerca de 450 milhões de quilômetros da Terra. No ponto mais próximo de nós, em 10 de dezembro, ele ficará a pouco menos de 270 milhões de quilômetros de nós. Como comparação, Marte fica em média a 230 milhões de quilômetros da Terra. Haverá, portanto, muitas possibilidades de conhecer melhor esse visitante.