ROMA, 20 MAR (ANSA) – Astrônomos identificaram a presença de oxigênio na galáxia mais distante já observada, situada a 13,4 bilhões de anos-luz e batizada como Jades-GS-z14-0.

A descoberta foi realizada por dois grupos de pesquisadores com a ajuda do rádio-observatório Alma, no Deserto do Atacama, no Chile, e sugere que as galáxias do Universo primordial podem ter se formado muito mais rapidamente do que o previsto.

Liderados pelo astrofísico italiano Stefano Carniani, da Escola Normal Superior de Pisa, e por Sander Schouws, da Universidade de Leiden, na Holanda, os dois estudos foram publicados, respectivamente, nas revistas Astronomy & Astrophysics e The Astrophysical Journal.

“Fiquei impressionado com esses resultados inesperados porque eles abrem uma nova visão sobre as primeiras fases da evolução das galáxias. A prova de que uma galáxia era madura no Universo recém-nascido levanta interrogações sobre quando e como ela se formou”, disse Carniani.

“É como encontrar um adolescente onde você esperaria apenas crianças”, acrescentou Schouws.

Geralmente, as galáxias iniciam suas vidas repletas de estrelas jovens, formadas principalmente por elementos mais leves, como hidrogênio e hélio. Conforme os astros envelhecem, produzem substâncias mais pesadas, como o oxigênio, que são espalhadas pelo cosmos após a morte das estrelas.

Acreditava-se que na época da Jades-GS-z14-0, quando o Universo tinha apenas 300 milhões de anos, cerca de 2% de sua idade atual, ele ainda era jovem demais para possuir elementos pesados, mas os dados coletados pelo Alma indicam que a galáxia contém uma quantidade dessas substâncias 10 vezes maior que o previsto.

As pesquisas também permitiram medir a distância que nos separa da Jades-GS-z14-0 de forma muito mais precisa. “Graças ao Alma, obtivemos uma mensuração extremamente precisa, com uma incerteza de apenas 0,005%, o que equivale a uma distância de cinco centímetros a cada quilômetro”, afirmaram os astrofísicos Eleonora Parlanti e Giacomo Venturi, ambos da Escola Normal de Pisa.

Acredita-se que o Universo tenha cerca de 13,8 bilhões de anos de existência, porém observações mais recentes, inclusive com o Telescópio Espacial James Webb, lançaram dúvidas sobre essa estimativa e fizeram os astrônomos e físicos questionarem se o cosmos não seria mais antigo.

“A descoberta representa um desafio e uma oportunidade para os modelos de formação e evolução das galáxias”, declarou Andrea Ferrara, coordenador do grupo de cosmologia da Normal de Pisa e coautor de um dos artigos. (ANSA).