22/04/2025 - 20:24
Ao menos 26 morreram após homens abrirem fogo perto de um resort no Himalaia, na região da Caxemira sob administração indiana. Grupo rebelde reivindicou a responsabilidade pelo tiroteio.Homens armados abriram fogo nesta terça-feira (22/04) perto de um resort na parte da Caxemira administrada pela Índia, deixando ao menos 26 turistas mortos, segundo informaram autoridades indianas.
O primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, chamou o tiroteio de “ataque terrorista”, sem dar mais informações sobre os agressores ou se eles foram detidos. “Aqueles que estão por trás desse ato hediondo serão levados à justiça. Eles não serão poupados! Nossa determinação de combater o terrorismo é inabalável e ficará ainda mais forte”, escreveu o primeiro-ministro indiano no X.
Entre os mortos estão turistas indianos e estrangeiros. Dezenas ficaram feridos e ainda estão sob cuidados médicos.
O que se sabe sobre o ataque
O tiroteio ocorreu perto da cidade turística de Pahalgam, a cerca de 90 quilômetros de Srinagar, a capital da região disputada. O município, localizado no Himalaia, é conhecido como a “Suíça indiana” devido ao seu apelo turístico no inverno.
O ministro-chefe indiano da Caxemira, Omar Abdullah, disse que “o ataque é muito maior do que qualquer coisa que tenhamos visto direcionado a civis nos últimos anos”.
De acordo com relatos da mídia indiana, a Frente de Resistência (TRF), uma ramificação do grupo militante Lashkar-e-Taiba, reivindicou a responsabilidade pelo tiroteio.
O Lashkar-e-Taiba esteve por trás de uma série de ataques em Mumbai, em novembro de 2008, quando 175 pessoas foram assassinadas.
Em uma publicação no X, o governador da região, Manoj Sinha, condenou “o covarde ataque terrorista contra turistas”. “Garanto às pessoas que os responsáveis por esse ataque desprezível não ficarão impunes”, disse.
O tiroteio também foi condenado pelo presidente dos EUA, Donald Trump, que conversou com Modi por telefone para oferecer seu “apoio total”, de acordo com o Ministério das Relações Exteriores da Índia.
Entre os líderes estrangeiros que condenaram o ataque e ofereceram apoio, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, afirmou que “a Europa estará com vocês”.
Caxemira atrai turistas apesar dos riscos
A Caxemira é alvo de uma intensa disputa entre a Índia e rebeldes da região de maioria muçulmana que travam uma insurgência desde 1989. O grupo busca uma independência ou uma fusão com o Paquistão, que controla uma parte menor da Caxemira e, assim como a Índia, a reivindica por completo.
A Índia insiste que a militância na Caxemira é patrocinada pelo Paquistão. O país nega, e defende que apenas apoia as aspirações de autodeterminação da região. Dezenas de milhares de civis, rebeldes e forças do governo foram mortos no conflito.
Estima-se que a Índia tenha 500 mil soldados permanentemente posicionados no território. Os combates diminuíram após a decisão do governo Modi de revogar a autonomia limitada da Caxemira em 2019.
Desde então, as autoridades têm promovido fortemente a região montanhosa como um destino de férias – para esquiar durante os meses de inverno e para escapar do calor intenso durante o verão.
Cerca de 3,5 milhões de turistas visitaram a Caxemira em 2024, de acordo com dados oficiais. Em 2023, a Índia sediou uma reunião de turismo do G20 em Srinagar sob forte aparato de segurança, em uma tentativa de mostrar que a “normalidade e a paz” estavam retornando após uma repressão maciça.
gq (afp, dpa, dw)