13/04/2025 - 13:32
Funcionários da unidade de saúde foram avisados minutos antes do bombardeio. Segundo OMS, 33 dos 36 hospitais do território palestino já foram danificados no conflito.Dois mísseis israelenses atingiram um importante hospital no norte da Faixa de Gaza neste domingo (13/04), destruindo a ala de emergência e danificando outras estruturas.
“O bombardeio levou à destruição do prédio de cirurgia, da estação de geração de oxigênio para as unidades de tratamento intensivo”, disse a Defesa Civil de Gaza. O ataque ocorreu minutos após um aviso emitido pelo Exército israelense para a evacuação do prédio.
Os militares israelenses afirmaram que “tomaram medidas para minimizar os danos à população civil” abrigada no Hospital Batista Árabe Al-Ahli. Segundo Israel, o local era usado por militantes do Hamas para planejar ataques. O grupo palestino rejeitou a acusação e pediu uma investigação internacional.
Naela Imad, de 42 anos, estava abrigada no complexo mas teve que fugir às pressas. Segundo ela, os mísseis atingiram o local assim que os pacientes chegaram no portão.
“Agora, eu e meus filhos estamos na rua. Fomos deslocados mais de 20 vezes. O hospital era nosso último refúgio”, disse à agência de notícias AFP.
Hospital desativado
O hospital – uma instituição da Igreja Anglicana – era uma das últimas unidades de saúde em completo funcionamento em Gaza e agora está desativado, sem previsão para reabertura, de acordo com o ministério da Saúde do território palestino.
O bombardeio não deixou vítimas, mas uma jovem morreu durante a evacuação dos cerca de 100 pacientes, pois a equipe médica não conseguiu prestar socorro em tempo, disse a pasta.
“Centenas de pacientes e feridos tiveram que ser evacuados no meio da noite, e muitos deles estão agora nas ruas sem assistência médica, o que coloca suas vidas em risco”, afirmou o porta-voz do ministério, Khalil Al-Deqran.
Ataques a unidades de saúde matam mais de 800 pessoas
Apesar de protegidos pelo direito humanitário internacional, os hospitais têm sido alvos frequentes de bombardeios israelenses na Faixa de Gaza desde o início da guerra entre Israel e o grupo militante palestino Hamas em 7 de outubro de 2023.
O Al-Ahli já havia sido danificado por uma explosão em seu estacionamento em 17 de outubro de 2023, que causou várias mortes, além de ter sido alvo de outros quatro ataques que provocaram danos menores.
Segundo um boletim da Organização Mundial de Saúde (OMS) publicado em 14 de março, 33 dos 36 hospitais de Gaza sofreram algum dano no conflito. Ataques a unidades de saúde mataram 886 pessoas e deixaram 1.355 feridos. 170 ambulâncias foram afetadas e mais de 7 mil pacientes precisaram ser deslocados desde outubro de 2023.
Israel também sofre pressão internacional para permitir a entrada de ajuda humanitária no território palestino, bloqueada desde meados de março. Os militares israelenses também são acusados de alvejar 15 profissionais de saúde do Crescente Vermelho, da Defesa Civil palestina e da ONU que prestavam socorro a vítimas.
Israel amplia ofensiva militar
A nova incursão de Israel em Gaza matou 21 pessoas neste domingo, em ataques que atingiram um prédio municipal, uma residência e um veículo. Na cidade central de Deir el-Balah, 7 pessoas que segundo testemunhas, distribuíam ajuda humanitária, morreram em um ataque aéreo.
Os ataques de domingo ocorreram no momento em que os líderes do Hamas iniciaram uma nova rodada de negociações no Cairo, em uma tentativa de estabelecer um novo acordo de cessar-fogo com Israel. 58 pessoas seguem reféns do grupo palestino.
Também acontece um dia depois que as forças israelenses sinalizaram planos de expandir sua mais recente campanha militar para a maior parte do território palestino.
A guerra de Gaza explodiu após o ataque do Hamas a Israel em outubro de 2023, que resultou na morte de 1.218 pessoas. O Ministério da Saúde de Gaza informou neste domingo que mais de 1.500 palestinos foram mortos desde 18 de março, quando o cessar-fogo foi interrompido.
gq (afp, ap, reuters)