28/08/2025 - 10:18
Bombardeios que usaram mais de 600 drones e dezenas de mísseis contra a capital ucraniana deixaram 15 pessoas mortas. Bloco europeu avalia sanções em resposta ao ataque mortífero e convoca embaixador da Rússia.Um bombardeio russo em escala maciça contra o centro de Kiev na madrugada desta quinta-feira (28/08) deixou ao menos 18 mortos, incluindo quatro crianças, e 48 feridos, segundo autoridades locais. Os mísseis também atingiram um edifício da missão diplomática da União Europeia (UE) na capital ucraniana, que ficou severamente danificado, segundo autoridades do bloco.
Escritórios do British Council, braço cultural e educacional do Reino Unido no exterior, também foram atingidos.
Este foi o maior ataque russo a Kiev nas últimas semanas e ocorre em meio à tentativa americana de destravar as negociações para o fim da guerra. Segundo a Ucrânia, 629 drones e simulacros, além de 31 mísseis de diferentes tipos, foram usados na ofensiva.
“A delegação da UE ficou severamente danificada por esta onda de ataques”, escreveu a embaixadora da UE na Ucrânia, Katarina Mathernova, no X.
“A ‘paz’ da Rússia na noite passada: um ataque maciço a Kiev com drones e mísseis balísticos. […] Esta é a verdadeira resposta de Moscou aos esforços de paz”, condenou a diplomata.
Também pelo X, a presidente do Parlamento Europeu, Roberta Metsola, destacou que o pessoal da delegação da UE na Ucrânia é a voz da União Europeia no país. “Seus escritórios foram alvo de mais um ataque indiscriminado da Rússia durante esta agressão sem sentido”, disse.
O presidente do Conselho Europeu, António Costa, e a chefe da diplomacia da UE, Kaja Kallas, também acusaram a Rússia de lançar ataques “deliberados”.
“O ataque noturno a Kiev demonstra uma escolha deliberada de intensificar e ridicularizar os esforços de paz. A Rússia precisa parar com as mortes e negociar”, afirmou Kallas.
Rússia rejeita acusações
O Ministério da Defesa da Rússia rebateu as acusações, afirmando que seu exército não mira infraestrutura civil. “As Forças Armadas russas cumprem suas missões. Elas, como já foi dito, continuam a atacar infraestruturas militares ou de uso dual”, disse o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov.
Segundo Moscou, a ação desta madrugada mirou bases militares e empresas “dentro do complexo militar-industrial ucraniano” e foram utilizadas armas de longo alcance, incluindo mísseis balísticos hipersônicos. “Todos os alvos designados foram atingidos.”
A Rússia também negou que tenha desistido de negociar o fim da guerra, mas pontuou que continuará a atacar a Ucrânia até alcançar seus objetivos.
UE avalia sanções
O bloco europeu agora avalia formas de responder à ofensiva e convocou o embaixador da Rússia na União Europeia para exigir explicações sobre o bombardeio.
“Uma missão diplomática jamais deve ser um alvo. Em resposta [ao bombardeamento] chamamos o embaixador russo para Bruxelas”, afirmou Kallas.
A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, disse estar “indignada” e prometeu novas sanções severas à Rússia.
“Estamos mantendo pressão máxima sobre a Rússia e isso significa reforçar o nosso regime de sanções. Em breve apresentaremos nosso 19º pacote de sanções severas”, disse ela. A presidente também prometeu avançar com a articulação para que os ativos russos congelados na Europa sejam utilizados na reconstrução da Ucrânia.
“Isso mostra que o Kremlin não vai parar por nada para aterrorizar a Ucrânia, matando cegamente civis e até mesmo atacando a União Europeia”, disse von der Leyen em comunicado.
O secretário-geral da OTAN, Mark Rutte, disse que entrou em contato com Kallas e von der Leyen. “Isso novamente prova que não podemos ser ingênuos em relação à Rússia”, afirmou.
Países repudiam ataque
O primeiro-ministro do Reino Unido, Keir Starmer, afirmou que o presidente russo, Vladimir Putin, tenta sabotar as negociações de paz.
“Meus pensamentos estão com todos os afetados pelos ataques russos sem sentido em Kiev, que danificaram o prédio do British Council. ‘Putin está matando crianças e civis, e sabotando as esperanças de paz. Este derramamento de sangue precisa acabar.”
O presidente ucraniano, Volodimir Zelenski, voltou a dizer que Moscou escolhe as armas no lugar da negociação. “Esperamos uma resposta de todos no mundo que clamaram pela paz, mas que agora frequentemente permanecem em silêncio em vez de tomar posições firmes”, afirmou.
Já o presidente da França, Emmanuel Macron, criticou o alto número de drones lançados sobre a Ucrânia em uma noite. “Esta é a ideia de paz da Rússia. Terror e barbarismo. A França condena esses ataques sem sentido e cruéis nos termos mais fortes possíveis”, escreveu.
gq (AFP, Lusa, EFE, Reuters, AP)