26/09/2024 - 9:33
ROMA, 26 SET (ANSA) – A atmosfera que envolvia Marte há bilhões de anos e depois desapareceu, deixando no planeta vermelho o deserto frio que observamos hoje, pode ter ficado presa abaixo da superfície marciana.
É o que indica um estudo publicado na revista Science Advances por dois geólogos do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), nos Estados Unidos.
Segundo a análise, a água que outrora correu na superfície de Marte pode ter desencadeado uma série de reações químicas que converteram dióxido de carbono (CO2) em metano, que depois foi armazenado na crosta rochosa, à semelhança do que acontece em algumas zonas da Terra.
Se isso for verdade, o planeta vermelho esconderia uma fonte de energia que poderia alimentar futuras missões espaciais tripuladas.
Joshua Murray e Oliver Jagoutz aplicaram o conhecimento de alguns processos que ocorrem em nosso planeta às características peculiares marcianas, partindo da hipótese de que a atmosfera do vizinho da Terra era muito rica em CO2.
Ao longo de cerca de bilhões de anos, a água que fluía para a superfície e se infiltrava entre as rochas teria reagido lentamente com a olivina, um mineral rico em ferro. O oxigênio presente na água teria então oxidado o ferro, dando a Marte sua cor típica, e liberado hidrogênio, que teria se combinado com o CO2 na atmosfera, gerando metano.
A olivina, por sua vez, teria se transformado lentamente em serpentina e depois em esmectita, um tipo de argila. “A esmectita tem grande capacidade de armazenar carbono”, diz Murray.
Segundo os autores do estudo, se Marte fosse coberto por uma camada de 1,1 mil metros dessa argila, o extrato poderia armazenar uma enorme quantidade de metano, o equivalente a aproximadamente 80% da atmosfera inicial do planeta. (ANSA).