A Austrália vai destinar 2 bilhões de dólares australianos (cerca de US$ 1,4 bilhão) para a recuperação de áreas afetadas pelos incêndios, anunciou o primeiro-ministro Scott Morrison. Segundo ele, o dinheiro será distribuído nos próximos dois anos e gerido por uma nova agência dedicada à reconstrução de casas e infraestruturas danificadas.

Os incêndios na Austrália já destruíram, desde setembro, mais de 5,5 milhões de hectares, o equivalente a um país como a Dinamarca, e provocaram a morte de 24 pessoas.

O dia hoje amanheceu mais calmo, graças a uma leve chuva no território, mas o fim de semana “foi catastrófico”, de acordo com as autoridades, que contabilizaram mais um morto no sábado (4) e a retirada de milhares de pessoas, além de “danos consideráveis”.

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“Será feito o que for preciso, custe o que custar”, garantiu o primeiro-ministro em entrevista coletiva, após se reunir com a Comissão de Segurança Nacional para analisar medidas de combate aos incêndios.

Acordo inicial

Scott Morrison acrescentou que a ajuda provém do orçamento do Estado e é independente de outros auxílios já aprovados. Destacou que se trata de um “acordo inicial” que poderá subir, se necessário, caso os danos aumentem.

“Vamos nos concentrar nos custos humanos e nos de reconstrução da vida das pessoas para garantir o melhor possível, o mais rápido possível”, acrescentou.

A medida é adotada depois da decisão de convocar 3 mil militares da reserva para reforçar o combate aos incêndios e após a disponibilização de cerca de US$ 14 milhões para alugar quatro hidroaviões e outros meios aéreos que o primeiro-ministro anunciou no sábado, ao final de um dos piores dias da onda de incêndios.

O anúncio de Morrison, no entanto, ocorre após semanas de críticas pela falta de resposta aos incêndios, que se intensificaram no mês passado quando o primeiro-ministro decidiu ir de férias para o Havaí, no meio da crise.

Prejuízos

No momento em que a chuva dá ligeira trégua aos bombeiros, as autoridades aproveitaram para divulgar os primeiros dados sobre os prejuízos, depois de um fim de semana com temperaturas de 50 °C.

O estado de Nova Gales do Sul, o mais populoso da Austrália, continua a ser o mais afetado pelos incêndios. Os bombeiros confirmam a destruição de cerca de 60 casas nos últimos dois dias e alertam que o número poderá subir para várias centenas quando todo o território for inspecionado. Além disso, estão confirmados 18 mortos e duas pessoas desaparecidas.

Em Victoria, o governo regional contabilizou 200 casas destruídas pelas chamas no fim de semana, a maioria no município de East Gippsland, que abrange a localidade de Mallacota, onde a fumaça impediu a retirada, por via aérea, de 300 pessoas cercadas pelas chamas há vários dias.

A fumaça também afeta outras cidades, como Melbourne e a capital do país, Camberra, onde a falta de visibilidade e a baixa qualidade do ar levaram ao fechamento de creches.

Os incêndios, considerados entre os piores do século na Austrália, fizeram com que países como Estados Unidos, Canadá, Nova Zelândia, Singapura e França enviassem bombeiros, helicópteros e militares para ajudar no combate ao fogo.

O primeiro-ministro australiano agradeceu, em mensagem divulgada no Twitter, “o apoio e a assistência” dados pelos “amigos internacionais” em um “momento de necessidade”. Lembrou também o apoio de países do Pacífico, como Vanuatu ou Papua-Nova Guiné, que ofereceram dinheiro e pessoas para auxiliar nos trabalhos.

Manifestações de celebridades

A solidariedade com a Austrália também marcou a cerimônia dos Globos de Ouro, à qual o ator Russel Crowe faltou por “estar protegendo a família dos incêndios devastadores”.

A tragédia também foi citada pelos atores Joaquin Phoenix e Cate Blanchett, atribuindo-a às alterações climáticas. Eles defenderam a necessidade de lutar contra as mudanças.

Nesse domingo, a atriz Celeste Barber anunciou no Facebook ter lançado uma campanha para ajudar os bombeiros australianos, que arrecadou, em 48 horas, 25 milhões de dólares australianos (cerca de US$ 17,4 milhões) em doações de todo o mundo.

A número 1 do tênis, a australiana Ashleigh Barty, detentora do título de Roland Garros, anunciou que doará os seus ganhos no torneio de Brisbane à Cruz Vermelha, para ajudar as vítimas dos incêndios. Esse valor poderá chegar a US$ 250 mil.

A cantora norte-americana Pink prometeu, no sábado, doar US$ 500 mil, valor equivalente ao prometido pela atriz australiana Nicole Kidman.

 

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