A neurodiversidade pode ter raízes muito mais antigas do que imaginamos. Um novo estudo, publicado na prestigiada revista “Molecular Psychiatry”, investigou uma hipótese fascinante: seria o autismo uma herança genética de nossos “primos” pré-históricos, os neandertais?

Primeiro, é importante lembrar que a maioria dos humanos modernos carrega uma pequena porcentagem de DNA neandertal em seu genoma. Isso é resultado do convívio e da reprodução entre os Homo sapiens e os neandertais, que coexistiram por milhares de anos.

Estudos anteriores já haviam sugerido uma ligação entre esses genes antigos e traços associados ao espectro autista, como a preferência por grupos sociais menores e uma maior capacidade de processamento visual. No entanto, esta nova pesquisa foi a primeira a identificar variantes genéticas raras, herdadas dos neandertais, que parecem ter um papel ativo na predisposição ao autismo.

O que a pesquisa descobriu

Os cientistas compararam o genoma de pessoas com autismo com o de seus irmãos não autistas e com um grupo de controle. A hipótese inicial — de que pessoas no espectro teriam uma quantidade maior de DNA neandertal — foi descartada. A quantidade total era a mesma.

A grande descoberta, no entanto, foi que as pessoas com autismo apresentavam uma frequência maior de certas variantes genéticas neandertais que eram raras no restante da população.

É crucial notar que o estudo ainda não foi revisado por outros cientistas e se concentrou em grupos demográficos específicos nos Estados Unidos. Os pesquisadores também reforçam que a genética é apenas uma peça do quebra-cabeça, e que fatores ambientais e de desenvolvimento também são fundamentais.

Ainda assim, a descoberta é um passo importante para mostrar que o autismo não é uma “aberração” moderna, muito menos causada por vacinas. Pelo contrário, reforça a ideia de que a neurodiversidade é uma parte ancestral da herança genética humana, que remonta a tempos pré-históricos e nos acompanha desde então.