De acordo com um novo estudo publicado na revista Astrobiology na última terça-feira (25/10), os microrganismos podem sobreviver logo abaixo da superfície de Marte por muito mais tempo do que os pesquisadores pensavam.

Em um novo conjunto de experimentos, os cientistas descobriram que as bactérias secas podem permanecer vivas em condições semelhantes às de Marte por até 280 milhões de anos, o que aumentaria nossas chances de encontrar evidências para elas se Marte já abrigasse vida.

A maioria dos experimentos anteriores para testar se os micro-organismos poderiam sobreviver à intensa radiação em Marte usaram bactérias hidratadas à temperatura ambiente. Acredita-se que as de vida mais longa sejam capazes de sobreviver por até cerca de um milhão de anos!

Brian Hoffman, da Northwestern University, em Illinois (EUA), e seus colegas adotaram uma abordagem diferente, dissecando uma variedade de bactérias e leveduras e congelando-as antes de submetê-las à radiação semelhante à que uma forma de vida enterrada em Marte experimentaria e medindo os danos.

Esse processo é semelhante à liofilização de alimentos para torná-los mais duradouros. “Há essa multiplicação fenomenal da resistência quando você se livra da água e esfria tudo”, disse Hoffman.

As amostras dos pesquisadores foram tão pouco danificadas pela radiação que eles estimaram que as bactérias poderiam sobreviver por até 280 milhões de anos. Se as bactérias liofilizadas fossem aquecidas e expostas à água durante esse período, elas emergiriam de seu estado adormecido.

“Isso abre algumas possibilidades de que você pode obter revitalização se um meteoro com um pouco de água cair e respingar na superfície, ele pode se regenerar”, explicou Hoffman. “A probabilidade de que ainda esteja vivo agora aumentou de zero para a menor coisa que você possa imaginar. É diferente de zero, mas com certeza não é grande.”

Estima-se que Marte secou cerca de 3 bilhões de anos atrás, então mesmo as bactérias mais saudáveis ​​provavelmente já estão mortas.

Essa longevidade pode tornar mais fácil encontrar evidências preservadas de qualquer bactéria que já viveu em Marte, mas também significa que, se a contaminamos com organismos terrestres, essa contaminação seria praticamente permanente.

“Se contaminamos a área em que pousamos, como sabemos se o que encontramos estava lá antes de chegarmos ou se foi algo que depositamos? Se não podemos dizer o que é nosso e o que é deles, por assim dizer, é impossível dizer se havia vida lá”, completou Hoffman.