Ksenia Karelina, uma cidadã russo-americana, foi presa em fevereiro na Rússia e acusada de “traição” após doar em 2022 o equivalente a R$ 280 para uma ONG humanitária que atua na Ucrânia.notUm tribunal da Rússia sentenciou nesta quinta-feira (15/08) uma cidadã russo-americana a 12 anos de prisão. Ksenia Karelina, de 33 anos, havia sido acusada pelo Ministério Público russo de alta traição por alegadamente enviar US$ 51,80 (R$ 283) a uma ONG que atua na Ucrânia.

Em 7 de agosto, Karelina, uma bailarina amadora, já havia se declarada culpada das acusações apresentadas pelo Ministério Público diante do Tribunal Regional de Sverdlovsk.

Em uma carta divulgada nesta quinta-feira nas redes sociais por seu advogado, Karelina agradeceu às pessoas que a apoiaram.

Em fevereiro, Karelina, que mora em Los Angeles, nos EUA, foi presa em Ecaterimburgo, na região dos Urais russos, enquanto viajava para visitar parentes. Nascida na Rússia e cidadã americana desde 2021, Karelina foi inicialmente acusada de desacato, supostamente por xingar policiais.

Posteriormente, agentes do FSB, a principal agência de segurança russa, examinaram seu telefone e disseram ter descoberto que, antes de viajar para a Rússia, ela havia feito uma doação para uma organização com sede nos EUA que fornece assistência à Ucrânia. A ONG, chamada Razom, fundada em 2014 por ucranianos que vivem nos EUA, coleta fundos para fornecer equipamento médico e alimentos para a população da Ucrânia.

O julgamento de Karelina ocorreu depois que o líder russo, Vladimir Putin, assinou um decreto em abril do ano passado aumentando a pena máxima por traição para prisão perpétua, em vez de 20 anos, como parte de um esforço para aumentar a repressão à dissidência no país.

A sentença de Karelina também foi proferida apenas duas semanas após uma troca de prisioneiros entre a Rússia e o Ocidente, que incluiu 24 pessoas, a maior desde o fim da Guerra Fria.

Três dos trocados eram cidadãos americanos, incluindo o jornalista Evan Gershkovich, que também foi detido em Ecaterimburgo. Outros prisioneiros trocados incluíam a artista russa Sasha Skochilenko, de 33 anos, que foi condenada a sete anos de prisão por espalhar adesivos com mensagens antiguerra em produtos à venda num supermercado.

Os Estados Unidos e a oposição russa acusam o Kremlin de tomar como reféns prisioneiros políticos e cidadãos estrangeiros para posteriormente trocá-los por russos que cumprem penas em prisões ocidentais. Em troca de jornalistas, ativistas políticos e artistas, a Rússia obteve a libertação de figuras como Vadim Krasikov, um agente do FSB condenado na Alemanha por assassinar um exilado checheno num parque de Berlim em 2019.

jps (EFE, ots)