25/06/2020 - 16:09
Nesta semana, a aproximação de uma nuvem de gafanhotos da região Sul do Brasil gerou preocupação de autoridades, produtores e da população. Mas a previsão de baixa temperatura na região pode ser um obstáculo importante e dificultar a entrada desse grupo de insetos no território nacional. Hoje (25 de junho) o Ministério da Agricultura declarou emergência fitossanitária em razão do fenômeno.
A nuvem saiu de uma região entre a Bolívia e o Paraguai. A população de gafanhotos teria crescido muito em razão de altas temperaturas e da seca. A migração teria sido motivada pela busca por alimentos em outros locais, chegando nesta semana à Argentina, no norte da província de Santa Fé e na província de Corrientes, que fazem divisa com o oeste do Rio Grande do Sul.
Segundo Dori Navas, pesquisador da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), essa região gaúcha teve baixas temperaturas, na casa de 0 grau Celsius ao longo desta semana, e para a próxima a previsão é ficar abaixo de 10 °C.
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“Isso é fator importante que faz com que o gafanhoto tenha dificuldade de voar. Eles estão migrando porque as altas temperaturas favorecem. Com a frente fria, dificilmente o gafanhoto continuará a descer. Ele não vai ter condições de temperatura para migrar. Acredita-se que a nuvem fique estacionada sobre o território argentino”, explica o pesquisador.
Ele acrescenta que a frente fria está vindo acompanhada de ventos no sentido sul-norte, o que, em vez de direcionar a nuvem para o Brasil, pode fazer com que ela faça “o caminho contrário” ou impactar o agrupamento. “Provavelmente o inseto não migre mais. Ele deve permanecer no local onde está ou se dispersar”, comenta Nava.
Cuidados
Caso a nuvem entre no Brasil, o pesquisador esclarece que não há riscos aos humanos, no máximo dificuldade de deslocamento. O risco maior é para as plantações, que servem de alimento. Em uma eventual presença desses insetos, a medida de combate é o disparo de produtos tóxicos por aeronaves no local de concentração delas.
A federação de produtores rurais do estado (Farsul) informou à Agência Brasil que está monitorando o avanço da nuvem. Caso os insetos adentrem o território brasileiro, a orientação aos agricultores é avisar as autoridades fitossanitárias para que essas possam agir.